O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, chamou no domingo, dia 29, o presidente os Estados Unidos, George W. Bush, de "idiota" por interferir nos assuntos do país e prometeu continuar no cargo apesar dos conflitos entre a polícia e manifestantes que exigem a realização de um plebiscito a respeito do mandato dele. Chávez, que por várias vezes acusou os EUA de dar apoio aos esforços da oposição para tirar do poder seu governo esquerdista, afirmou que Bush aceitou conselhos de assessores ''imperialistas'' ao dar apoio a uma tentativa de golpe contra ele, em 2002.

– Ele foi um idiota por acreditar neles – disse Chávez em um grande comício realizado em Caracas.

Os comentários do dirigente foram feitos em meio a novos enfrentamentos, nas ruas da cidade, entre soldados da Guarda Nacional e manifestantes da oposição. Helicópteros das Forças Armadas passavam a baixa altitude sobre os soldados que usavam gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar centenas de manifestantes que atiravam pedras e montavam barreiras incandescentes no leste de Caracas tarde da noite.

Também houve conflitos em outras cidades.

– Convocamos o país a continuar com a resistência pacífica – disse Enrique Mendoza, líder da oposição. – Essa luta durará o quanto for necessário.

Três pessoas (um soldado, um manifestante e um cinegrafista) foram feridas com tiros, disseram autoridades e testemunhas. Nos protestos de sexta-feira, duas pessoas tinham morrido. As autoridades eleitorais, argumentando haver necessidade de preservar a paz no país, prometeram adiar até segunda-feira a divulgação dos resultados preliminares do processo de avaliação sobre o abaixo-assinado feito por milhões de pessoas e no qual se exige a realização de um plebiscito sobre o mandato presidencial.

Chávez promete rechaçar as tentativas de tirá-lo do poder e ameaçou cortar o suprimento de petróleo para os EUA se o país tentar invadir a Venezuela ou tentar impor sanções comerciais. A Venezuela é o quinto maior exportador de petróleo do mundo.

– A Venezuela não é o Haiti e Chávez não é Aristide – afirmou o dirigente referindo-se ao líder haitiano, Jean-Bertrand Aristide, que fugiu para o exílio no domingo em meio a um levante armado.

Dezenas de milhares de simpatizantes de Chávez foram às ruas no domingo para dar apoio ao presidente.

As informações são da agência Reuters.