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Líderes da oposição venezuelana disseram nesta terça, dia 2, conseguiram 3,6 milhões de assinaturas numa petição por um referendo que pode destituir o presidente Hugo Chávez em 2004.
O anúncio coloca a oposição em rota de colisão com o presidente, que acusa seus adversários de terem cometido uma "megafraude" nos quatro dias de campanha de recolhimento de assinaturas.
As autoridades eleitorais terão a palavra final sobre a validade das assinaturas e a convocação de um referendo em março ou abril de 2004. Observadores internacionais disseram que não há sinais de fraudes graves no processo.
A oposição, que há quase dois anos tenta destituir Chávez, rejeitou as acusações de fraude.
– Foi uma campanha bem-sucedida, que confortavelmente ultrapassou as exigências da Constituição – disse Enrique Mendoza, da coalizão oposicionista Coordenação Democrática.
Delsa Solorzano, porta-voz da oposição, disse que foram recolhidas 3.602.051 assinaturas, que em breve serão apresentadas à verificação do Conselho Nacional Eleitoral, tarefa que pode levar até um mês.
Pela Constituição, a oposição precisa reunir as assinaturas de 20% do eleitorado – 2,4 milhões de pessoas – para solicitar o referendo contra o presidente, após metade do mandato dele.
Antes mesmo que as autoridades eleitorais comecem a analisar a petição, Chávez e seus seguidores saíram a campo para dizer que o abaixo-assinado não alcançou o quorum mínimo e está repleto de fraudes.
A oposição diz que Chávez governa a Venezuela como se fosse a Cuba comunista e que ele é o responsável pela aguda crise econômica no país. O presidente, por sua vez, diz que a elite é golpista.
– Ainda sou o rei! – cantou o ex-pára-quedista do Exército em um comício na noite de segunda em Caracas, que reuniu milhares de simpatizantes.
No comício, Chávez condenou o que chamou de "gigantesca tentativa de fraude" e criticou o mediador da crise, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, Cesar Gaviria, por não dar ouvidos a suas queixas. Ele deu a entender que Gaviria, ex-presidente colombiano, é simpático à oposição. O presidente exigiu que as assinaturas sejam verificadas "uma a uma".
As agressivas denúncias de Chávez, eleito pela primeira vez em 1998, seis anos depois de liderar um frustrado golpe de Estado, levantam suspeitas de que ele não vai se submeter a um referendo.
Mendoza, por sua vez, afirmou que a oposição não vai tolerar "mais truques e manobras do governo".
Tentando romper o impasse, Gaviria pediu a ambas as partes que respeitem as decisões do Conselho Eleitoral, que vai investigar as denúncias de fraude.
– Tenho certeza de que os atores políticos do país vão obedecer às decisões do Conselho, mesmo que não concordem com elas – afirmou.
A oposição diz que três dos cinco juízes do Conselho são simpatizantes de Chávez.
Gaviria tentou ainda neutralizar as críticas de Chávez contra si, dizendo que será imparcial e definindo o presidente como "generoso e compreensivo". As informações são da agência Reuters.
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