| 14/10/2003 20h51min
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acompanha com atenção a crise na Bolívia e conversou nesta terça, dia 14, por telefone com o presidente Gonzalo Sánchez de Lozada para se interar sobre a situação no país vizinho. Lozada telefonou para Lula no início da noite, mas o Palácio do Planalto não divulgou o teor da conversa.
Segundo o porta-voz da Presidência, André Singer, Lula transmitiu "profundo pesar" pela morte de mais de 50 pessoas em conseqüência dos confrontos entre manifestantes que pedem a renúncia do presidente e a polícia boliviana. O presidente também garantiu ter certeza de que o país vizinho vai superar a crise.
– O presidente está seguro de que os bolivianos saberão superar esses momentos difíceis por meio do diálogo e do entendimento entre suas forças políticas, respeitando-se a lei e o direito", enfatizou Singer.
Policiais e manifestante bolivianos viveram nesta terça outro dia de conflitos na capital, La Paz. Pelo menos 53 pessoas já morreram desde que o governo tornou público, há algumas semanas, seu interesse de exportar gás natural aos Estados Unidos e ao México por meio de um porto no litoral chileno. A medida tornou-se impopular, já que há uma antiga controvérsia territorial entre a Bolívia e o seu vizinho do sul e, além disso, muitos são contrários à exportação enquanto os próprio bolivianos estiverem pagando caro pelo combustível.
Os manifestantes – principalmente os de origens indígena – também acusam Gonzalo Sanchéz de Lozada de se preocupar mais em ter os Estados Unidos como aliados na guerra contra as drogas do que propriamente em elevar a qualidade de vida da Bolívia, o país mais pobre da América do Sul, onde 60% da população vive com menos de R$ 12 por dia.
Numa entrevista exclusiva ao programa Revista Brasil, o embaixador brasileiro na Bolívia, Antonino Mena Gonçalves, contou que a capital está caótica.
– Esperamos que as forças que se opõe aqui possam resolver suas desavenças de forma pacífica, através do diálogo, respeitando as leis e os direitos humanos e que qualquer solução seja democrática e obedeça às posições da Bolívia em relação à cláusula democrática do Mercosul”, ponderou o embaixador brasileiro.
Contudo, Mena Gonçalves não descartou a possibilidade de o Brasil ter de retirar seus cidadãos do país caso a situação fique ainda mais instável.
“Se a situação se agravar a um ponto insuportável, nós vamos tomar as medidas necessárias para tirá-los daqui por nossos meios”, garantiu, assinalando que o aeroporto internacional está fechado e as estradas, bloqueadas.
Segundo o embaixador, a comunidade brasileira residente em La Paz é relativamente pequena, mas há sempre o fluxo de turistas. Contudo, não há até agora registros de que brasileiros tenham sido diretamente afetados pelos distúrbios.
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