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Aos 32 minutos do segundo tempo, no distante 17 de novembro de 1999, o Grêmio quebrava um tabu histórico, de jamais suplantar o Santos na Vila Belmiro. Desde então, o Tricolor deixou de repetir tal façanha. No sábado, às 19h30min, pensando no G-4, o clube terá nova chance.

Foto: Paulo Franken, BD

Há quase 11 anos, foi com a perna direita de Itaqui, em chute certeiro, que a escrita foi modificada. Uma década inteira mostrou-se incapaz de apagar da memória do meia os mínimos detalhes do "importante" gol que fez calar o alçapão santista.

— A jogada começou comigo, eu roubei a bola no meio-campo. Ela passou por Anderson Polga e chegou ao Magrão (centroavante), que tocou no Zé Alcino. Ele cruzou da direita, eu estava na esquerda e entrei por dentro, me antecipei e bati de primeira. Foi perto da marca do pênalti, um golaço — recorda Itaqui, que recomenda ao Grêmio de Renato que não se intimide com o jejum de triunfos no estádio e rume ao ataque. 

ZH deu destaque à atuação do atacante Zé Alcino na vitória

O jogo era válido pela seletiva à Libertadores (enfrentamentos de mata-mata contemplando clubes que encerraram a primeira fase do Brasileirão entre a 3ª e a 17ª posição). Na partida de ida, o Grêmio venceu por 2 a 1 e jogava por qualquer empate na Vila para passar à segunda fase do torneio. Mesmo com a vantagem, Itaqui afirma que foi um embate complicado. 

— O time deles era muito bom. E, no momento em que abrissem o placar, estariam classificados pelo gol feito no Olímpico. Ou seja, não poderíamos deixá-los largar na frente. Nosso trunfo foi, basicamente, ter um time veloz para sair nos contragolpes.

"Totais condições" de vitória

Com 37 anos, Jesus Cleiton Pereira da Silva, ou Itaqui, hoje mora em Caxias do Sul. Depois de disputar alguns jogos na Segundona Gaúcha pelo Guarany, de Garibaldi, o meia aguarda propostas e ainda avalia o melhor momento de encerrar sua trajetória nos gramados. Mesmo distante do Olímpico, Itaqui acompanha o noticiário do clube que defendeu entre 1998 e 2001. O ex-gremista comemora a ascensão tricolor sob o comando de Renato: 

— É um time bem taticamente e com confiança. Tem totais condições de vencer o Santos no sábado.

Foto: Lívia Stumpf, Especial

No entanto, Itaqui considera inapropriada repetir a exitosa estratégia imposta pelo técnico Cláudio Duarte, na vitória de 1999. Na ocasião, pelo formulismo do mata-mata, optou-se por uma postura mais reservada. Para sábado, Itaqui projeta o Grêmio de Renato ofensivo, jogando o futebol que o alçou à beira da Libertadores. 

— A chance do Grêmio é apostar na sua vocação ofensiva, não mudar em nada sua maneira de jogar. Tem que atacar — avalia, também elogiando as alternativas defensivas. — Vejo o Grêmio como um time pouco exposto na defesa.

Tabu quebrado, mas desconhecido

Itaqui confessa que, à época, o grupo de jogadores desconhecia a longevidade do tabu. Quando o chutaço do meia encontrou a rede de Zetti, ninguém suspeitou que ali se estava fazendo história. A cabeça voava até o Gre-Nal que se disputaria na etapa seguinte. Todavia, mesmo com os três pontos e a classificação assegurados, todos estavam certos das dificuldades de atuar nos domínios santistas.

— Mesmo em boa fase, o Grêmio tem que ter os cuidados necessários no sábado. O Santos na Vila se torna um time diferente — alerta Itaqui, que não vislumbra facilidades ao Tricolor pelo fato de os paulistas terem poucas pretensões no Brasileirão:

— Os jogadores têm uma responsabilidade profissional. E há os que querem mostrar serviço, visando à próxima temporada. Enfim, sempre é decisão para alguém. E o Grêmio tem que encarar o jogo exatamente como uma decisão — aconselha o meia de chute preciso e de memória sempre acesa.