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 | 15/06/2010 02h57min

Ruy Carlos Ostermann: Não há mais nada

Não há mais nada que se possa fazer — Dunga, os dirigentes, os jogadores e a imprensa, tudo está encerrado. Só falta para esse início o jogo de hoje aqui no Ellis Park. Não me queixo e acho que ninguém pode se queixar. Foram três anos, quase quatro, e um time que foi se forjando a cada mês. A última decisão de Dunga foi sobre a lateral-esquerda, uma posição sempre aberta, não preenchida e sem candidatos jovens ou maduros que pudessem resolver a questão. Não se tratava de esquema, que isso a Seleção já resolveu há muito tempo, mas de um lateral mesmo.

A escolha de Michel Bastos, do Lyon, resolveu até prova em contrário. É uma posição importante e que até, dependendo do grau de fechamento do adversário coreano, pode ser decisiva. O futebol corre pelos lados e quem tem jogador qualificado nessas duas faixas preferenciais acaba ganhando o jogo.

Não haver mais dúvidas, se não as mais ideológicas, é uma grande vantagem. Ontem, na coletiva de Dunga no centro de imprensa do Ellis Park, ainda havia ruídos, que só vão cessar depois da Copa, mas se vencida pelo Brasil, claro. Será uma noite transversa, difícil, até se tornar fácil como um bom prato de massa.

Fósforo

Usei a metáfora do fósforo para dar uma melhor ideia do que penso de um jogo de estreia. Ele é como um fósforo riscado na caixa: pode acender de primeira, iluminar a sala e tornar-se bem mais do que uma pequena faixa de fogo. Mas pode não acender ou, o que é pior, pode queimar o dedo antes de oferecer qualquer benefício.

Um fósforo, não mais.

Avanço

Quase ninguém gostou da Holanda. As estreias são assim, os times ficam menores e muito nervosos. Mas ganhou bem da Dinamarca, essa sim abaixo da memória que se fazia da Dinamáquina de 1986. Burocratizou-se e, de certa forma, diminuiu de importância. A evolução, no entanto, é que melhorou em quase todas as seleções que já jogaram aqui na África do Sul o controle de jogo com um toque de bola mais tranquilo, fazendo em quase todos os casos o tempo para a jogada em profundidade. Os contra-ataques não foram abolidos pelo toque de bola mais insistente e geralmente bem feito. Ganhou-se um tempo para a elaboração e, finalmente, sair.

É um avanço.

Discordância

Começo discreta e amavelmente a discordar de quem acha que esta será uma Copa modesta tecnicamente, sem jogadores e times empolgantes. Gostei da Alemanha, e muito, mas sempre se poderá dizer que a Austrália não correspondeu - e não correspondeu mesmo, mas já não sei a que exigências.

E gostei da Argentina pela velocidade e estou mobilizado para gostar da Seleção do Dunga pelas mesmas razões do campo, da bola e da qualidade.

ZERO HORA

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