Geral | 28/07/2009 20h13min
A proibição de festas e de reuniões de pessoas em locais públicos ou de uso coletivo, em vigor desde a segunda-feira em Uruguaiana, virou motivo de protestos na cidade. Donos de clubes e boates reuniram-se nesta terça-feira em frente à prefeitura para tentar reverter a decisão, que tem como objetivo prevenir o avanço da gripe A.
Em Uruguaiana, existem aproximadamente 15 estabelecimentos de entretenimento noturno. Como o decreto do prefeito estabelece a proibição de eventos por tempo indeterminado, os empresários temem pela saúde financeira de seus estabelecimentos. Com o fechamento, cada um calcula que teria o prejuízo de no mínimo R$10 mil por semana.
— O que não dá para entender é que o decreto atinge apenas o nosso segmento. As pessoas podem deixar de ir a boates e bares, mas não deixarão de se reunir em determinados locais. Se fechasse banco, prefeitura, baixada (camelôs legalizados) por um tempo determinado, tudo bem. Mas não é o caso— reclama o empresário
Ricardo Mohr.
Indignado com a decisão, um outro empresário pensa ainda em quem indiretamente será afetado com o fechamento das festas:
— Até entendemos a intenção do prefeito, que temos certeza que é das mais nobres. Mas seremos muito prejudicados sem motivo. É toda uma cadeia de pessoas que dependem das festas à noite— argumenta João Francisco França, dono de um clube que promove pelo menos duas festas na semana.
Argumentando que a medida é exagerada e não surtirá o efeito desejado, o grupo também procurou a Câmara de Vereadores, onde participou de uma reunião na tarde de hoje.
O presidente da Comissão de Serviços Municipais de Saúde, Educação e Segurança, Mauro Brum (PMDB) disse aos empresários que não há muito o que fazer diante do decreto:
— Marcamos uma reunião com o secretário de administração amanhã aqui na Câmara, até porque o texto do decreto é muito abrangente. Precisamos saber exatamente o que deve ou não funcionar. Mas um decreto
tem força de lei, não temos muito o que fazer—
diz Brum.
Frequentadores da vida noturna da cidade da fronteira Oeste também concordam que a medida é desnecessária:
— Eu e minhas amigas vamos nos juntar em casa, tomar um vinho na frente da lareira. Vamos chamar um pessoal para ir para lá. Ou seja, não vamos deixar de nos reunir — diz a estudante de Educação Física Camila Sarmento, 27 anos.
Contraponto:
O que diz o prefeito José Francisco Sanchotene Felice (PSDB):
"Tomamos essa atitude com muito pesar. Entendo as colocações dos empresários, mas esperamos que o decreto não tenha validade tão ampla. Acredito que uns 10 dias sejam suficientes. Neste momento, temos que pensar primeiro na vida das pessoas. E não são só os estabelecimentos da noite que o decreto abrange. São cultos religiosos, formaturas. Tudo isso está sendo cancelado ou transferido".
A repercussão
O que pensam
médicos infectologistas sobre o assunto:
" A medida pode ter o seu valor, mas se houver
uma amplitude maior. É preciso ser coerente: não adianta proibir bares e boates de funcionarem e outros locais com aglomeração de pessoas seguirem funcionando". Gabriel Narvaez, infectologista do Hospital São Lucas e Mãe de Deus.
"Aglomerações propiciam a disseminação do vírus. No entanto, o controle deve ser efetivo. Proibir algumas aglomerações e outras não, não é eficaz. Alguém pode deixar de ir a uma festa, mas contrair o vírus quando estiver dentro de um banco, por exemplo. Vejo a necessidade de orientar as pessoas a evitarem aglomerações. Mas proibir, não vejo necessidade. Até porque, experiências em outros países nos mostram que a medida não é eficaz". Luciano Goldani, professor da Ufrgs e chefe da Unidade de Infectologia do Hospital de Clínicas
Empresários reuniram-se nesta terça-feira em frente à prefeitura para tentar reverter a decisão
Foto:
Anderson Petroceli, especial
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