| 06/11/2008 12h58min
O presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, afirmou nesta quinta-feira que, provavelmente, "a saída dessa crise será difícil e lenta", disse referindo-se ao contexto mundial, em palestra no Simpósio Internacional "Perspectivas do Desenvolvimento para o Século 21", promovido pelo Centro Celso Furtado.
A declaração de Coutinho contrasta com as declarações de que o pior da crise financeira internacional já passou, feitas pelos ministros da Fazenda, Guido Mantega, hoje, e do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior, Miguel Jorge, ontem.
Coutinho justificou que "os sistemas bancários internacionais operavam com níveis de alavancagem muito altos e terão que passar por processo de desalavancagem que tomará muito tempo e que poderá, no percurso, produzir outras dificuldades financeiras".
Ele também disse que "estamos em um momento extraordinário em que as economias avançadas estarão
mergulhadas em uma recessão cuja duração e
intensidade ainda é difícil de avaliar". Segundo o executivo, a crise atual é "de grande envergadura, comparável talvez a dos anos 30 pelo seu potencial disruptivo de riqueza e de emprego".
Por outro lado, Coutinho observou que as economias em desenvolvimento têm mais peso no comércio e na liquidez internacional, algumas "com reservas muito expressivas" e mercados internos fortes e oportunidades no setor de infra-estrutura:
— Estamos em uma situação inédita em que a periferia pode ajudar o centro, e não o contrário — afirmou.
Coutinho voltou a afirmar que a China, em primeiro lugar, e o Brasil, em segundo, são os dois países em melhores condições para enfrentar a crise:
— A China teria que substituir rapidamente as fontes externas por fontes internas de crescimento — disse.
No caso do Brasil, ele ressaltou que o sistema financeiro nacional é sólido, a economia tem bons fundamentos e vários investimentos em
infra-estrutura "têm taxa de retorno tão altas, que mesmo que
os juros subam muito, vão se concretizar".
Junto com outros setores e "o que permanecerá viável de agronegócios", esses investimentos devem garantir que a economia brasileira continue crescendo. O presidente do BNDES informou que há uma "determinação do governo de acelerar os investimentos em infra-estrutura, minorar os efeitos da crise e criar um piso de crescimento da economia brasileira".
Entenda a crise
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