| 04/11/2008 21h49min
O ministro de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, é um dos brasileiros que melhor conhece o candidato favorito a vencer as eleições para a presidência dos Estados Unidos, o democrata Barack Obama. O político negro que despertou a atenção mundial com um discurso inovador foi aluno de Unger na conceituada Universidade de Harvard. Lá o ministro atuou como professor de Direito e Filosofia e construiu uma relação de amizade com o democrata.
Segundo Unger, Obama, se eleito, deverá manter uma relação com os países latino-americanos marcada pelo ineditismo em termos de abertura de possibilidades de parcerias institucionais. O Brasil, alertou o ministro, deve estar atento para aproveitar o novo cenário.
— Ele (Obama) será o presidente americano com maior interesse intelectual na América Latina e na política latino-americana. Temos uma imensa oportunidade com os Estados Unidos. Depois dessa eleição em que os Estados Unidos se abrem para a busca de
alternativas, nós brasileiros
podemos propor um conjunto de iniciativas audaciosas — defendeu Unger em entrevista à Empresa Brasil de Comunicação.
A tese de que presidentes americanos republicanos são menos protecionistas do que os democratas e, por esse motivo, supostamente melhores para os países em desenvolvimento, é rejeitada por Unger.
— É absurda essa idéia. Isto é insignificante no cômputo geral das coisas. Nosso maior interesse com os Estados Unidos é construirmos juntos um elenco de inovações internacionais, que ampliem as oportunidades para aprender, trabalhar e produzir em todo o novo mundo — argumentou Unger.
O ministro brasileiro prevê, a partir da eleição de Obama, uma redução gradual das diferenças negociais na relação entre o países.
— Não estou dizendo que nossas disputas comerciais vão desaparecer repentinamente. O que estou propondo é abrirmos uma nova frente num nível mais lato. Se construirmos essas alternativas
audaciosas e imaginativas, todos os pequenos assuntos
materiais que nos dividem ficarão mais suscetíveis de composição — ressaltou.
— As características de Obama destacadas pelo ex-professor são a audácia e a intelectualidade apurada. (Obama) É um homem muito sereno de grande penetração intelectual, que analisa cuidadosamente os problemas. É também um homem que demonstrou a capacidade de aceitar o sacrifício. Quando se formou na escola, rejeitou o caminho fácil das grandes firmas de advocacia e foi advogar para os pobres, enquanto ensinava Direito Constitucional — recordou Unger.
Por fim é um homem que tem característica de muitos dos meus melhores alunos americanos, que é desconfiar das abstrações ideológicas, mas mostrar grande interesse pelos experimentos institucionais, pelas alternativas surpreendentes construídas de baixo para cima, acrescentou.
Confira a cobertura direto dos EUA
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