| 13/09/2008 23h05min
O governador regional de Pando, o opositor Leopoldo Fernández, rejeitou que brasileiros tivessem sido pagos para participar dos protestos que ocorrem no departamento boliviano contra o governo de Evo Morales. Fernández criticou a "habilidade do governo para desvirtuar as coisas" e negou que brasileiros e peruanos pagos tenham participado dos choques.
Ele também desmentiu as informações de alguns veículos de comunicação sobre sua suposta fuga junto a alguns dirigentes cívicos ao Brasil, "apesar da difícil situação que o departamento está atravessando e que sabem que correm perigo". Além disso, o governador regional se mostrou favorável a recorrer a "instâncias totalmente imparciais" para investigar os fatos violentos ocorridos em sua região.
Fernández aproveitou a ocasião para acusar o governo boliviano de planejar o massacre ocorrido na região, e denunciou que os setores afins ao presidente do país, Evo Morales, estavam armados há dias.
O
choque violento de quinta-feira que
deixou 16 mortos nesse departamento amazônico, no norte do país, obedece "a uma estratégia planejada" desde o governo "que já vinha sendo implementada há bastante tempo", disse Fernández em entrevista à Radio Fides.
— Havia uma intenção de criar uma indisposição na população contra o governo departamental para jogar em nós a culpa de tudo — afirmou Fernández, que acrescentou que o Executivo utilizou o conflito para decretar o estado de sítio em Pando.
O governo justificou na sexta-feira essa medida de exceção pelo crescente número de vítimas no massacre registrado na localidade de Porvenir, próxima a Cobija, capital de Pando, por confrontos entre camponeses fiéis a Morales e grupos opositores autonomistas.
Segundo Fernández, "vai custar muito" que esta medida seja aplicada entre a população, porque se trata de uma decisão "abusiva, sem nenhum tipo de sustentação e que não tem consistência".
O governador regional acusou também as
Forças Armadas de ter sido testemunhas do
choque e de "não fazer nada" para evitar a violência entre camponeses afins a Morales e opositores. Ele disse que os camponeses estavam armados, mas afirmou desconhecer se iam diretamente à localidade de Porvenir ou se caminhavam em direção a Cobija "com a intenção de tomar a capital do departamento e a Prefeitura".
O governador lamentou os fatos violentos e destacou que seu departamento vai "seguir lutando" para conseguir "um país com liberdades".
"Não vão conseguir parar o processo autônomo que levamos adiante nem tirar de Pando a esperança e possibilidade de crescer nem nossos recursos", acrescentou.
Ele se referiu também à tentativa de diálogo entre o Governo e os governadores regionais opositores, representados pelo governador de Tarija, Mario Cossío, e se mostrou pessimista sobre seus resultados.
O diálogo "é só um discurso (...) mas não acontece nada na prática", disse Fernández, que criticou que "enquanto Cossío entrava
no Palácio de Governo, as autoridades emitiam o
estado de sítio, tomavam o aeroporto (de Cobija) e amedrontavam a população".
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