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 | 19/03/2008 09h19min

Governo no exílio nega que tibetanos tenham se entregado à polícia chinesa

Dalai Lama denuncia que revoltosos feridos não estejam sendo atendidos em hospitais

O governo tibetano no exílio desmentiu nesta quarta-feira a informação de que mais de cem tibetanos tenham se entregado voluntariamente às autoridades chinesas em Lhasa e denunciou que eles foram presos "arbitrariamente casa por casa".

— O governo chinês quer enviar a mensagem ao mundo de que os tibetanos estão se rendendo voluntariamente — declarou um porta-voz da Administração Central Tibetana, com sede na cidade indiana de Dharamsala, Sonam N. Dagpoo, que afirmou ainda que a polícia está detendo monges budistas, tanto homens como mulheres.

Mais de cem tibetanos teriam se entregado à polícia por seu envolvimento nos distúrbios nos quais 13 pessoas acabaram morrendo, segundo Pequim. No entanto, as autoridades tibetanas no exílio, além de desmentirem a rendição, dizem que o número de mortos nos protestos de Lhasa chega a pelo menos 80. Além disso, o governo chinês disse que Lhasa recupera a normalidade, enquanto grupos de direitos humanos e tibetanos no exílio afirmam que a situação continua sendo muito tensa, com a polícia patrulhando as ruas da cidade.



Dalai Lama: violência é contraproducente

O líder espiritual e político dos tibetanos, Dalai Lama, afirmou que está recebendo informações de que muitos tibetanos feridos nos confrontos não recebem assistência nos hospitais:

— Acontecia o mesmo após as manifestações de 1987 e 1988. Alguns comportamentos contra nossa gente marcaram os que hoje têm 40, 50 ou 60 anos. Agora há uma nova geração que é tratada da mesma forma e se rebela. Como é possível terminar com esse ciclo?

Exilado, o líder dos tibetanos afirmou que dispõe de provas de que alguns atos violentos ocorridos durante os protestos dos 200 tibetanos em frente aos escritórios da Organização das Nações Unidas (ONU) em Katmandu foram causados por agentes chineses, "para criar uma tensão entre a comunidade local e os tibetanos". Dalai reiterou que o uso da violência por parte dos manifestantes é errado e contraproducente, já que sua única força provém "da justiça e da verdade".

Segundo o líder, é necessária uma investigação independente na região para esclarecer os motivos reais do conflito e evitar que se repitam. Por essa razão, enviou uma carta à Índia e aos Estados Unidos, pedindo ajuda para amenizar a situação. As condições dos tibetanos que permanecem na China é "terrível", segundo o Dalai Lama:

— Quase todas as famílias dos anos 50 ou 60 sofreram a perda de um parente e 30 mil tibetanos foram para o exílio.

Entenda a revolta do Tibete contra a China

EFE
 
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