| 03/03/2008 16h27min
Apesar de a equipe oficial ainda não ter sido divulgada, a comissão técnica das seleções brasileiras de judô já está trabalhando duro na análise dos principais adversários do país na luta por um lugar no pódio na Olimpíada de Pequim. E um dos principais recursos que serão utilizados na preparação é a filmadora.
De acordo com a Confederação Brasileira de Judô (CBJ), foram gravadas centenas de horas de lutas em seis etapas das Copas do Mundo européias, encerradas neste domingo. No judô, é considerado anti-desportivo filmar treinamentos, mas a gravação de competições é permitida e largamente difundida. A exemplo do que foi feito no Mundial de 2007, no Rio de Janeiro, todas as imagens serão acompanhadas de estatísticas e estudos dos principais golpes dos rivais estrangeiros.
– O equilíbrio no judô é muito grande e temos de olhar para todos os lados. Em cada categoria, diria que há oito, dez atletas com reais chances de subir ao pódio nos Jogos Olímpicos de Pequim – avalia o supervisor da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Ney Wilson Pereira, que ressalta o alto nível de competitividade visto na modalidade nos últimos meses. – Para se ter uma idéia, da Copa Jigoro Kano, em dezembro, para cá, levando em conta as etapas de Copas do Mundo realizadas, não tivemos campeões repetidos em 99% das vezes. Muitas vezes, nem os pódios se repetiram – afirmou.
Assim, é importante que se tenha uma análise completa. Ney Wilson lembrou que a observação dos vídeos já foi muito útil para o Brasil.
– Atletas como Tiago Camilo e Leandro Guilheiro se aproveitaram bem deste recurso, estudando os adversários na véspera das lutas ou mesmo antes de entrar no tatame para lutar novamente – conta Ney Wilson.
Treinos com europeus
Obviamente, os treinamentos não serão deixados de lado. Até a entrada na Vila Olímpica, no dia 5 de agosto, o Brasil terá bastante acesso aos rivais de Pequim. Já no dia 21 de março, a equipe viaja para treinamento no Japão. Em maio, a seleção olímpica masculina da França vem ao Brasil para treinamento, enquanto o feminino recebe o time titular de Portugal.
Em seguida, ambos competem a Super Copa do Mundo de Moscou. Em junho, a seleção masculina vai à Paris para treinar junto com França, Japão e Azerbaijão enquanto as mulheres estarão na Espanha para treinar ao lado das principais judocas européias.
– Vamos contemplar todas as escolas de judô em nossa preparação. Assim, atenderemos às necessidades de todas as categorias. Teremos o judô técnico do Japão, o judô força da França, sentiremos o leste europeu em Moscou, enfim, será uma preparação completa – explicou Ney Wilson, que vai assistir e filmar o Campeonato Europeu, última etapa qualificatória para a Olimpíada para os países do continente. – Já saberemos mais claramente quais atletas têm chance de ir à China e faremos um acompanhamento mais próximo.
Adversários
Dentre as observações feitas pela comissão técnica até o momento, destaque para Azerbaijão e Mongólia, no masculino. No feminino, foram as chinesas que chamaram a atenção do supervisor.
– Acredito que o Azerbaijão vá conseguir classificar atletas em todos os 14 pesos, o que não é fácil – declarou.
Até o momento, o Brasil garantiu vagas no meio-leve, meio-médio, meio-pesado e pesado (masculino) e meio-leve (feminino). A única categoria na qual o Brasil corre sério risco de não ir a Pequim é o pesado feminino, que depende de uma boa campanha no Pan-Americano de maio para subir no ranking continental e carimbar o passaporte.
GAZETA PRESS
Representante do Brasil em Pequim, Robert Scheidt (foto) ficou em quarto ao lado de Bruno Prada
Foto:
Daniel Marenco
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