| 25/02/2008 16h49min
O presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Paulo Wanderley Teixeira, descartou qualquer possibilidade de a equipe brasileira da modalidade ficar de fora da Olimpíadas de Pequim devido a problemas políticos. A hipótese foi levantada na edição desta segunda do jornal Folha de São Paulo.
Na última semana, a publicação teve acesso a duas cartas remetidas pela União Pan-Americana de Judô (UPJ). No documento, a entidade continental ameaça desfiliar a CBJ do quadro de associados devido a um suposto golpe que estaria sendo arquitetado por Wanderley contra o presidente Jaime Casanova Martinez.
Se isso acontecesse, o Brasil teoricamente deixaria de ser reconhecido pela Federação Internacional de Judô (FIJ), que só aceita filiações de outros membros de entidades continentais. Segundo a UPJ, o golpe seria orquestrado em uma reunião programada para as próximas quinta e sexta, no Rio de Janeiro. Wanderley, porém, descartou a possibilidade.
– Esta não é uma ameaça real. O presidente da União Pan-americana de Judô está nervoso. Não existe a possibilidade de o Brasil ficar fora das Olimpíadas, até porque ele está fazendo uma ameaça baseada em uma suposição, pois acha que nós queremos dar um golpe. Nada disso que ele nos acusa é palpável – garantiu o dirigente.
O mandatário do judô verde-amarelo lembra que não é tão simples assim tirar o direito de uma modalidade de determinado país disputar uma Olimpíada. Segundo ele, para tirar o Brasil de Pequim, a UPJ teria de passar por cima dos comitês olímpicos brasileiro e internacional.
– Isso não é de livre arbítrio do Martinez. Acredito que, para isso acontecer, a questão ainda teria que passar pela FIJ. E, ainda assim, ele teria de arrumar uma briga com o Comitê Olímpico Internacional e com o Comitê Olímpico Brasileiro, já que quem tem o direito legal de inscrever os atletas nas Olimpíadas são os Comitês Olímpicos Nacionais e não as Confederações, que só treinam e escolhem os atletas – argumentou.
De acordo com o dirigente, o encontro programado para esta semana no Rio não terá nada de especial.
– Será uma reunião privada com alguns países convidados para discutir o judô pan-americano. É um direito que nós temos. Se, por exemplo, as federações estaduais quiserem fazer uma reunião, a CBJ não pode impedir – afirmou.
Questionado sobre o real motivo das ameaças de Martinez, o brasileiro confirmou que se trata de uma briga de bastidores.
– Essas ameaças são por motivos políticos. A CBJ é uma vitrine e tem uma liderança no continente e ele pode estar preocupado com isso – comentou.
Especula-se que o motivo para a divergência seria a possível candidatura de Wanderley para o cargo de presidente
da UPJ. As eleições estão programadas para dezembro,
mas o brasileiro sequer confirma se estará no pleito.
– Pode acontecer, mas não é nada oficial – despistou.
Até o momento, o Brasil tem vagas asseguradas em cinco provas do judô em Pequim-2008 (meio-leve, meio-médio, meio-pesado e pesado, todos no masculino, além de meio-leve feminino). Porém, é bastante provável que o país se garanta nas outras categorias através dos rankings continentais.
Graças aos bons resultados em 2007, João Derly (meio-leve) e Érika Miranda (meio-leve) já têm a certeza de que serão convocados para os Jogos. Os demais atletas lutam pelas vagas na seletiva nacional, que está sendo realizada este mês e leva em consideração o resultado de cada um em torneios europeus. A divulgação da equipe brasileira para as Olimpíadas está programada para março.
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