Enfrentar um discípulo pode ser mero formalismo para o técnico Lula Pereira, uma simples contingência da carreira. Porém, para encarar o União São João, do pupilo Luiz Carlos Cruz, sábado, às 18h30min, na Ressacada, o treinador anda escondendo o jogo. Foram dois dias de treinos secretos, testando novas formações. Tudo para conquistar a terceira vitória na Série B do Campeonato Brasileiro.

No treino de quarta, Lula comandou trabalhos táticos a portas fechadas. Nesta quinta, dia 22, ele repetiu a estratégia. Tanto mistério se justifica pelos elogios do treinador ao trabalho do colega Luiz Carlos Cruz, que assumiu o União no início da semana.

Cruz é catarinense, foi vice-campeão da Série B no ano passado com o Fortaleza, e agora pegou um time que ainda não marcou um gol sequer e perdeu todas as quatro partidas disputadas na Série B. Mesmo assim, é respeitado na Ressacada.

– O União ganhou muito com a chegada do Cruz. É um profissional que eu conheço perfeitamente e que dispensa comentário – disse Lula Pereira.

Os dois técnicos guardam muitas coincidências. A começar pelo nome: Luís Carlos; um Bezerra Pereira, o outro Figueiredo Cruz. Trabalharam juntos no Figueirense, em 1994, quando foram campeões estaduais.

O catarinense ainda engatinhava na carreira, era um aprendiz e passou a considerar o colega como um "mestre", um "guru". Saíram do alvinegro e foram treinar justamente o União São João.

Trabalharam juntos também no Paysandu e se separaram em 1996, quando o catarinense foi dirigir o Sobradinho-DF. Apesar de tantos vínculos e particularidades entre os dois, e do esforço em esconder o time do adversário, Lula afirma que não são eles, treinadores, que vencem os jogos.

– Na realidade eu posso conhecer, até morar na mesma casa que ele, só que quem define o jogo são os jogadores. A gente faz a nossa estratégia, mas na realidade são eles dentro de campo, que podem estar em uma boa tarde, e a sorte sorri para eles. E espero que isso aconteça no sábado – contou.

LUCIANO SMANIOTO/DIÁRIO CATARINENSE