| 14/10/2005 00h03min
Em assembléia de credores da Varig com duração de cinco horas e meia – na qual o plano de recuperação apresentado à Justiça pela companhia aérea sob a consultoria da alemã Lufthansa foi chamado de "nazista" –, ficou acertado que, se não aparecer em seis dias uma proposta concreta de capitalização imediata de US$ 100 milhões para a empresa, será apreciada pelos credores a venda da subsidiária VarigLog (cargas) ao fundo americano Matlin Patterson.
Uma guerra de liminares entre os representantes dos funcionários, impugnações diversas feitas por advogados e bate-boca generalizado impediram que qualquer decisão importante fosse tomada nesta quinta.
O TGV (Trabalhadores do Grupo Varig), entidade que reúne associações que representam pilotos, comissários e mecânicos da companhia, chegou a ameaçar com pedido de prisão do administrador judicial, João Cysneiros Vianna. Vianna se recusou a cumprir na totalidade a decisão da Justiça do Trabalho sobre a representação dos trabalhadores, sob o argumento de que seguia determinações da Justiça comum (8ª Vara Empresarial do Rio).
Após a apresentação aos credores do plano de recuperação pelo presidente da Varig, Omar Carneiro da Cunha, foram expostas as duas propostas para modificar o plano original, evidenciando a antiga rivalidade na representação dos trabalhadores.
A primeira delas, com apoio declarado dos sindicatos do setor, foi apresentada pelo empresário Nelson Tanure (Jornal do Brasil e Gazeta Mercantil). No que se refere a cortes de pessoal, Tanure, que recebeu aplausos e protestos dos presentes, admitiu que seu compromisso com os trabalhadores é apenas não fazer demissões "agora". O plano "oficial" da Varig prevê demitir 13% do pessoal.
A segunda proposta modificadora, defendida pelo TGV, foi apresentada pelo consultor Bruno Rocha, da GGR Finance. Rocha, em comentário que depois classificou de "infeliz", chamou de "nazista" a sugestão da alemã Lufthansa Consulting, acatada pela Varig em seu plano, de transferir o comando de suas operações do Rio (Galeão) para São Paulo (Guarulhos), já que, na prática, a maioria de seus vôos está centralizada em São Paulo.
ZERO HORA