| 11/10/2005 21h16min
Na próxima quinta, o comitê de credores da Varig se reunirá em assembléia para votar os três planos de recuperação da Varig (Docas, TGV/Apvar e a proposta encaminhada pela direção da companhia aérea). Caso não haja acordo, os quatro juízes que cuidam do processo poderão decidir pela falência da empresa – opção que os funcionários tentam evitar, segundo informações da assessoria jurídica dos sindicatos. De acordo com o advogado Ronaldo Cramer, os sindicatos encaminharão na assembléia a proposta da Docas, empresa controlada pelo empresário Nelson Tanure.
– Das três propostas que serão votadas, para os sindicatos, até agora, a proposta da Docas é a que atende os interesses dos sindicatos. E é esta que serão encaminhada na assembléia pelos sindicatos – destaca Cramer, cujo escritório assessora os seis sindicatos que representam os trabalhadores da Varig: Sindicato Nacional dos Aeronautas, Sindicato Nacional dos Aeroviários, Sindicato dos Aeroviários do Estado de São Paulo, Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos, Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre e Sindicato dos Aeroviários de Pernambuco.
A representação dos funcionários da empresa, que são credores da classe 01 (trabalhadores) pelos sindicatos foi garantida por decisão judicial, declarando que os sindicatos representam a totalidade da categoria de empregados da Varig – sejam eles associados ou não às entidades. A decisão, concedida nesta terça-feira encerra questão levantada recentemente sobre o direito de os sindicatos representarem os trabalhadores na votação dos planos de recuperação da empresa. Desde o início do processo, a Associação de Pilotos da Varig (Apva) pleiteava o papel de interlocutor dos funcionários.
– Os sindicatos são os legítimos representantes dos trabalhadores e era preciso garantir esta representatividade para que a Assembléia pudesse ser realizada - disse Ronaldo Cramer.
No dia 20 de setembro, o empresário Nelson Tanure, dono do Jornal do Brasil e da Gazeta Mercantil, apresentou à 8ª Vara Empresarial do Rio de janeiro uma proposta para adquirir parte do capital acionário da Varig, que caso seja aprovada, representa uma injeção de recursos imediata de US$ 90 milhões. Ao todo, Tanure promete investir US$ 202 milhões na companhia aérea, além de acenar com a possibilidade de captar US$ 360 milhões em recursos para a combalida empresa, cuja dívida está atualmente em torno de R$ 7,7 bilhões.
Tanure, diretor do Grupo Docas, apresentou o plano de associação e reestruturação econômico-financeira da Varig, contando com as presenças de representantes da Fundação Ruben Berta, dos sindicatos e do Aerus (fundo de pensão). Tanure propõe comprar parte do capital acionário da FRB-Par (braço financeiro da Fundação Ruben Berta) e da Varig.
Os pontos principais de sua proposta prevêem a compra de 25% da FRB-Par por US$ 100 milhões, e a compra de do controle do direito de voto e da gestão da FRB-Par, por US$ 12 milhões. O empresário propôs, ainda, adquirir 20% do controle da Varig por US$ 90 milhões. A FRB-Par é a principal acionista da Varig, com 87% do capital da empresa.
Nelson Tanure se compromete ainda a conseguir uma injeção de recursos de US$ 360 milhões por meio de uma operação de capitalização com os credores na Varig. Deste total, a Docas Investimentos participaria com US$ 90 milhões. Finalmente na proposta apresentada hoje à Justiça Federal, Tanure promete um empréstimo-ponte de US$ 40 milhões para despesas imediatas.
O presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil, Celso Klafke, destacou que a proposta do empresário Tanure teria como ponto positivo a condição de que, se aprovada e caso ele consega os recursos prometidos, não envolveria a divisão da empresa nem a demissão de funcionários. A proposta apresentada pelo grupo que atualmente administra a empresa, cuja conselho de administração é presidido por David Zylbersztajn, prevê a venda de suas subsidiárias como a VarigLog e a VEM, assim como a demissão de 13% de seus funcionários.
AGÊNCIA O GLOBO