| 12/01/2002 11h04min
Ao declarar moratória da dívida, o governo argentino abriu espaço para que empresas do país façam o mesmo, de acordo com a agência de classificação de risco Fitch.
– A decisão do Estado em declarar a moratória reduziu o estigma associado a esta ação. Isto pode facilitar uma decisão das empresas para fazerem o mesmo, considerada impensável há alguns meses atrás – disse Daniel Kastholm, analista do setor corporativo da Fitch em Chicago, nos Estados Unidos.
Já propensas ao calote, as empresas podem ainda receber um “empurrão” extra do governo. Rumores locais indicam que legisladores estão estudando meios para restringir que as companhias enviem moeda estrangeira ao Exterior. Questionado sobre a eventual medida, Kastholm afirmou que “se houver uma lei aprovada para isto, seria como declarar uma moratória da dívida privada”.
Segundo a Fitch, os bancos espanhóis – considerados alguns dos maiores prejudicados com a desvalorização – estão relativamente bem posicionados para enfrentar a crise na Argentina, apesar de terem feito grandes investimentos no país.
– Os ativos argentinos dos bancos espanhóis são cerca de 3% dos ativos dos controladores das empresas. Se os investimentos são significativos, em relação ao tamanho dos controladores eles se tornam menos significantes – disse Peter Shaw, analista da Fitch.
As empresas norte-americanas, que estiveram entre os maiores investidores na Argentina durante o crescimento na década de 90, preparam-se agora para perder bilhões de dólares como resultado do afundamento econômico e conseqüente desvalorização do peso determinada pelo novo presidente.
– A Argentina está em um caos total – disse David de Rosa, economista da escola de administração de Yale, que estuda os mercados emergentes. – Algumas companhias encerrarão suas operações no país, enquanto para outras a única dúvida é sair agora ou esperar que as coisas se esclareçam. A
s firmas norte-americanas foram as que investiram mais agressivamente na Argentina, levando ao país US$ 28 bilhões entre 1994 e 2000, segundo dados da Fundação Investir, de Buenos Aires. A Espanha foi a segunda, com US$ 25,6 bilhões e a França a terceira, com US$ 8,5 bilhões.
A maioria dos investimentos se orientou para os setores de petróleo e gás, telecomunicações e energia, mas as companhias norte-americanas também se dirigiram ao setor financeiro, que é um dos que mais poderá sofrer o impacto da desvalorização.