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Depois de três semanas de feriado cambial, a Argentina viveu nesta sexta-feira, dia 11, o primeiro dia de livre flutuação do peso, que por quase 10 anos esteve atado ao dólar pela Lei de Conversibilidade. Com poucos negócios, a moeda norte-americana oscilou entre 1,60 e 1,70 peso, chegando no máximo a 1,80. As primeiras cotações do dia ficaram em 1,45. A cotação média ficou em torno de 22% acima da cotação oficial de 1,40 peso por dólar. Com as cotações desta sexta, a desvalorização do peso ante o dólar já atinge pouco mais de 40%.
Cautelosamente, a maioria dos bancos fez "feriado branco", recusando-se a fazer câmbio, alegando não ter moeda disponível. Entre eles estavam duas das maiores instituições do país – os estatais Galicia e Banco de la Nación. Apenas clientes selecionados que precisavam fechar operações de câmbio urgentes eram atendidos.
O desinteresse dos bancos contrastou com o interesse do público, que fez longas filas nas casas de câmbio para
trocar moeda e obter informações.
Os caixas automáticos que operavam com dólar não tinham a moeda disponível. Também havia grande movimentação de "arbolitos" – os cambistas autônomos que operam nas ruas. Os negócios nas casas de câmbio autorizadas dificilmente superou US$ 1 mil por pessoa, enquanto os cambistas trocavam em torno de US$ 100 a US$ 200 por vez.
A falta de dinheiro, agravada pelas limitações de saques bancários decretadas em dezembro, deve conter as cotações, acreditam fontes do mercado financeiro portenho, embora não se descarte a possibilidade de uma disparada de cotações caso a situação econômica, social e política se agrave. Entre a população, há temores de que o dólar possa chegar a valer dois pesos em breve.
A atuação do BC no mercado de câmbio é fundamental para conter a escalada do dólar, como ocorreu no Brasil após a desvalorização do real, estimam analistas. Especialmente se as cotações dispararem, o que pressionaria os preços e poderia desatar novo processo de hiperinflação como o que levou o país a adotar a paridade com o dólar, em 1991. O banco JP Morgan, por exemplo, prevê que a moeda americana possa valer 2,70 pesos até o final deste ano. Para evitar isso, o governo argentino espera fechar acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) que lhe garanta em torno de US$ 20 bilhões para atender seus compromissos externos e "irrigar" o mercado de câmbio.