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A iniciativa argentina de pedir apoio ao Brasil para as negociações de novo empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI) foi mal vista pelos Estados Unidos, afirma reportagem publicada ontem pelo jornal Clarín. Um funcionário do Departamento de Estado dos EUA, segundo o jornal, teria perguntado em tom irônico ao vice-embaixador argentino em Washington, Ricardo Lagorio:
– Vocês vão se bandear para o lado do Brasil? O Brasil vai negociar por vocês junto ao FMI? E quem vai colocar dinheiro para sustentar o programa econômico? O Brasil?
Segundo o Clarín, o diplomata argentino, que participava de reunião com representantes norte-americanos no Departamento de Estado, em Washington, não soube responder. O pedido argentino de apoio para conseguir do FMI empréstimo de até US$ 20 bilhões foi feito quarta-feira, dia 9, pelo novo chanceler, Carlos Ruckauf, em Brasília. Os argentinos prometeram relançar o Mercosul, rever sobretaxas alfandegárias e só negociar acordos comerciais com outros países em bloco. O Brasil gostou da proposta e prometeu ajudar.
A aproximação Brasil-Argentina não foi bem vista por Washington porque a influência dos EUA no país vizinho sempre foi maior. A ironia do funcionário do Departamento de Estado refere-se justamente ao fato de que a Argentina tenta pôr fim ao alinhamento automático com Washington no momento em que negocia empréstimo de até US$ 20 bilhões do FMI. O Fundo envia nova missão à Argentina neste fim de semana.