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 | 26/08/2005 12h26min

ACM Neto diz não ver indícios para Palocci depor na CPI

Deputado disse que ida de ministro à comissão não seria fim do mundo

O deputado federal Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) acredita que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, da qual faz parte, ainda não tem indícios para convocar o ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

– Eu acho que cabe análise mais aprofundada dos documentos, cruzamento dos sigilos telefônicos. É preciso recolher mais dados, talvez ouvir pessoas que têm papel secundário, assessores do ministro, pessoas que falaram com Buratti, talvez o Juscelino (Dourado, chefe de gabinete do ministro) para aí, então, a CPI dos Bingos formar um convencimento da conveniência e oportunidade de chamar o ministro – disse.

O deputado acrescentou que a ida do ministro à CPI não seria "o fim do mundo" e disse também que não existe, da parte da oposição, o interesse de desestabilizar o ministro. Na avaliação de ACM Neto, o depoimento de Buratti à CPI dos Bingos foi "em parte favorável e em parte desfavorável ao ministro":

– Favorável porque ele não trouxe provas documentais que comprovassem as denúncias que fez. Mas desfavoráveis porque uma coisa é ouvir de um procurador que ouviu dele. Outra coisa é ouvir dele em cadeia nacional. Ninguém tem dúvida de que ele colocou com muita sobriedade, inteligência, consistência e segurança. Da forma como ele colocou, acaba dando consistência e veracidade ao que ele está dizendo. A gente sabe quando uma pessoa está falando a verdade, ainda mais depôs de três meses ouvindo mentirosos na CPI – disse o deputado.

O deputado federal ACM Neto disse ainda que existem indícios de que a base aliada do governo está se organizando para fazer um grande "acordão" que impeça a continuidade das investigações das CPIs que apuram irregularidades no financiamento de campanhas e em estatais, como os Correios.

–  Eu tenho procurado alertar que de 10 dias para cá a base do governo se organizou e está procurando realizar uma 'operação abafa' com foco em três alvos: Conselho de Ética da Câmara, CPI dos Correios e CPI do Mensalão. Se nós não tivermos muito cuidado e se não houver pressão muito forte da opinião pública e cobrança da imprensa pode haver sim uma pizza aí sendo esquentada no forno que ao final será repartida e a conta ficará no Congresso Nacional – afirmou.

Segundo ele, fariam parte do acordo os partidos da base do governo e parte do PMDB. O deputado, no entanto, disse não saber que nomes do PMDB estariam envolvidos com a suposta negociação.

– Nesta semana, nos corredores do Congresso, o que mais se falava é que, depois da cassação do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), todos os outros seriam inocentados – contou.

AGÊNCIA O GLOBO
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