| 10/05/2010 05h10min
No Bate-Bola de ontem, na TVCOM, a pergunta da pesquisa interativa era interessante. Qual o adversário mais difícil de ser batido? O Santos e seus meninos da Vila, pelo Grêmio, amanhã? Ou o Estudiantes e a corte de La Brujita Verón, pelo Inter, na quinta? Não vou subir no muro e de lá assistir a tudo com a tranqüilidade de quem não corre riscos.
Está mais fácil — ou menos difícil — para o Grêmio.
Por um motivo: Neymar.
Neymar não é só o melhor jogador do Santos. É craque. Mais: é o maior craque brasileiro em atividade, dentro e fora do país. Ninguém está fazendo o que ele faz. E Neymar está suspenso. Retorna na partida de volta, na Vila Belmiro.
Então, o Santos perde o melhor da orquestra. Sai o solista, ficam os coadjuvantes. Os outros, mesmo Robinho, crescem de produção ao seu lado. Sem Neymar, a tendência é o conjunto perder um pouco do brilho. E as individualidades também.
O que não significa moleza para o Grêmio. O Santos tem André, Robinho, Ganso. Tem Arouca e Piá em grande fase. Marquinhos (ex-Avaí) entra e dá conta do recado. O Santos não é só Neymar, mas sem ele é um Santos diminuído em relação a si mesmo.
Vou além: Santo André e Atlético-MG, dois times medianos, ganharam do Santos. Não levaram o título paulista e nem a vaga na semifinal da Copa do Brasil, mas venceram os meninos da Vila.
Enquanto isso, o Inter enfrenta o Estudiantes, atual campeão.
É mais difícil.
Não bastasse ser um time argentino, e os argentinos têm a Libertadores no DNA, é um time argentino experiente. A equipe de Alejandro Sabella é praticamente a mesma há três anos. E tem Verón, um craque que estará na Copa da África.
O Estudiantes é um time de tradição, experiente, entrosado e ardiloso. Qual a chance de uma equipe assim se sentir pressionada com o Beira-Rio lotado, por exemplo? Nenhuma. Chance zero.
Os jogadores colocarão os fones de seus ipods nos ouvidos e caminharão calmamente pelo gramado antes de se fardarem, entre bocejos. Sequer ouvirão as vaias. Foi assim no Boca Juniors, na final da Libertadores de 2007 contra o Grêmio, no Olímpico.
Boselli é um atacante eficiente, o lateral-direito Angeleri só saiu dos planos de Maradona por ter se machucado. A zaga é forte, comandada por Desábato. O Estudiantes é uma equipe entrosada, quase uma família consciente de suas virtudes e defeitos.
O Inter sofre com a própria instabilidade. Assim como roça a perfeição de propósitos diante do Banfield, no Beira-Rio, em seguida pode repetir velhos erros na defesa. Mas se reprisar o desempenho no 2 a 0 da semana passada, há chance real.
É o lado bom de enfrentar um adversário tão difícil. Se passar, cresce na competição e vira candidato ao título. Enfim: entre Grêmio e Inter, a tarefa mais encardida está no lado vermelho.
ZERO HORA