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 | 08/05/2010 21h10min

Péricles Chamusca: o foco do Avaí é a Libertadores

Técnico do Leão diz que apoio da torcida foi um incentivo fundamental

Jean Balbinotti  |  jean.balbinotti@diario.com.br

Há pouco mais de quatro meses no comando técnico do Avaí, o baiano Péricles Chamusca já sente-se em casa. A identificação com Florianópolis ocorreu de forma quase imediata e por um motivo bem simples: os ares da capital catarinense, com suas belas praias e visual deslumbrante, o fazem lembrar de Salvador, a sua cidade natal.

Aos 44 anos, o treinador que conquistou o coração dos avaianos ao ganhar o bicampeonato estadual tem planos ousados. A meta é fazer um bom Campeonato Brasileiro e colocar o Avaí na briga por uma vaga na Copa Libertadores. Loucura? Não para Chamusca. Ele aprendeu na vida e na carreira como driblar as maiores dificuldades.

Na última sexta-feira, dia 7, o Diário Catarinense conversou com Chamusca dentro do seu carro, no trajeto do apartamento onde mora, no Centro, até a Ressacada, e conheceu um pouco mais das ideias, da filosofia de trabalho e os objetivos do treinador.

>>> Assista a entrevista de Péricles Chamusca

A CIDADE

— O aspecto da cidade, das praias, é algo que me agrada muito. Florianópolis acolhe bem as pessoas, os moradores são receptivos, é uma capital com estrutura de capital e baixo nível de violência. Isso tudo é muito positivo. Então, quando o ambiente de trabalho é bom, as coisas fluem naturalmente.

A FAMÍLIA

— Eu brinco com a Juliana (esposa de Chamusca) que a profissão dela é esposa de treinador. No futebol, para você vivenciar este mundo, com mudanças constantes, é preciso ter uma boa base. A gente muda sempre e os filhos precisam se adaptar. A minha esposa administra tudo fora de campo, a empresa que temos, o patrimônio, ela é o meu braço direito. Estar sempre junto dela e dos meus filhos (Lucas, 12 anos, e Luana, oito) deixa tudo mais fácil.

PASSEIOS

— Sempre que tenho oportunidade tento ir a algum lugar. Gosto de pedalar e ainda não consegui fazer isso aqui. Pelo menos, consegui matar a saudade dos tempos que morei no Japão indo a um restaurante que tem comida japonesa, na Avenida Beira-Mar Norte.

PASSAGEM PELO JAPÃO

— Em 2005, fui para o Oita (Trinita), um clube novo da Primeira Divisão japonesa, que sempre brigava para não cair. Quando cheguei, o time estava há 12 jogos sem ganhar e faltavam 12 para acabar o campeonato. Em sete jogos, consegui seis vitórias e um empate contra as equipes consideradas mais fortes. Depois, em 2008, brigamos pelo título na J-League até as últimas rodadas, terminamos em quarto lugar e fomos campeões da Copa Nabisco, um sonho para um time que jamais tinha disputado uma decisão.

O RECONHECIMENTO

— Por causa desse trabalho, meu nome figurou em uma lista de possíveis substitutos do Zico, quando ele deixou a seleção japonesa, em 2006. Depois, o Okada (Takeshi) assumiu a seleção e a imprensa de lá voltou a cogitar o meu nome. Quando me perguntaram se eu tinha interesse em assumir a seleção, eu disse que seria um sonho treiná-la na Copa de 2014, no Brasil. E ainda brincava que o Japão iria jogar em casa. Então, eles sempre relembram isso. É um objetivo meu voltar a trabalhar lá e, em algum momento, isso vai acontecer.

A BRIGA DO AVAÍ

— Eu acho que com o grupo de jogadores que temos hoje, com os que estão chegando e serão contratados, vamos brigar por uma vaga na Libertadores. No ano passado, o Avaí bateu na trave. Hoje, no Brasileiro, todos os clubes têm uma meta: fazer uma pontuação para se manter na divisão (de elite), porque o campeonato é muito equilibrado. Mas o foco e o planejamento do nosso trabalho é garantir vaga na Libertadores.

COMPARAÇÕES

— A comparação com o time do ano passado existe por causa dos resultados. O Avaí hoje é totalmente diferente. O grande desafio no Estadual foi montar uma equipe nova, dentro de uma competição difícil, e com jogos em cima de jogos, sem tempo para treinar e fazendo uma pré-temporada curta. Só conseguimos atingir a meta pela qualidade dos jogadores. A equipe começou a ganhar forma na reta final do Estadual, e depois do jogo contra o Grêmio.

APOIO DA TORCIDA

— A torcida começou a ficar do meu lado quando entendeu o processo de reformulação. Aí eles viram que era preciso ter paciência para a coisa funcionar. Acho que a maior prova ocorreu no jogo contra o Figueirense (final do returno), quando a gente tomou o gol (no final do primeiro tempo) e a torcida manteve o apoio e incentivo que foi fundamental para reverter o resultado. Isso ajudou a criar uma afinidade que cresceu com o futebol da equipe e as coisas foram se encaixando.

O FUTURO DA EQUIPE

— Já falei para os atletas na reapresentação que a festa terminou. A taça que ganhamos vai para a sala de troféus. Agora é vida nova. Tivemos uma grande conquista, um bicampeonato após 67 anos, mas isso já faz parte do passado. Agora, o nosso presente é o Brasileiro e temos de construir tudo de novo. O futebol é assim. Esse é o meu sentimento. Tem que ter o resultado, mas, em nenhum momento, me sinto pressionado. A diretoria apoia e acredita no nosso trabalho, na nossa capacidade.

QUALIDADE DO GRUPO

— A gente já tinha um grupo bom, jogadores de qualidade e jovens com potencial. Estamos contratando jogadores dentro do perfil do Avaí, que buscam o seu espaço. Essa é a receita compatível com o seu orçamento do clube. Não podemos sair desta realidade, que tem dado resultado com uma parceria (com a LA Sports) vitoriosa. A LA tem critério e o canal para trazer bons jogadores sem um custo mais elevado.

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