| 05/03/2010 04h28min
Sai jogo. Apesar do risco de algum jogador ser picado pelo mosquito da dengue em Ijuí, onde São Luiz e Inter se enfrentam no domingo, no Estádio 19 de Outubro. Se isso acontecer na cidade com 926 casos registrados durante o surto da doença, o afastamento não tem como ser inferior a um mês.
No caso do Inter, o infectado desfalcaria o time na Libertadores. Para o chefe da Unidade de Infectologia do Hospital de Clínicas, Luciano Goldani. o certo seria cancelar o jogo.
Só que o presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Novelletto, só suspende a partida em caso de notificação de alguma autoridade sanitária da Secretaria Estadual da Saúde. O que não ocorreu.
— Não há argumentação técnica para se cancelar qualquer evento. Então teríamos que fechar a Universidade de Ijuí também — afirmou o diretor do Centro Estadual de Vigilância da Saúde, Francisco Paz.
Goldani discorda. E com ênfase.
— É simples: o surto
de dengue acontece em zonas urbanas. O jogo será realizado
em estádio na zona urbana. Os jogadores vão circular pela zona endêmica. É óbvio que o risco existe — resumiu o infectologista do Clínicas.
Novelletto mostrou irritação:
— Puxa, é diferente da Gripe A. Esta pega no ar. A dengue, não: o mosquito tem de vir e picar.
Assim, o médico Paulo Rabello, do Inter, já definiu as providências. Vai usar repelentes aos montes. Elétricos, pomadas, sprays. Até a possibilidade de a delegação se fardar no hotel para evitar contato com o vestiário está sendo examinada. Cedo da manhã de ontem o Estádio 19 de Outubro, e seus arredores foram pulverizados. Segundo a Vigilância Ambiental de Ijuí, a medida preventiva não traz risco aos jogadores, nem aos torcedores.
Agentes da Vigilância Ambiental dedetizaram arquibancadas, vestiários, campo e outras dependências do estádio. Usaram bombas costais na pulverização do inseticida Aqua K-Othrine. O secretário municipal da saúde, Claudiomiro Pezzetta, afirma
que não há motivo para preocupação, pois a
medida é cautelosa.
Não foram encontrados focos de larvas do mosquito no estádio, que fica localizado no centro da cidade, onde mora a maior parte das pessoas com suspeita de dengue.
De acordo com a imprensa local, quando da aplicação do inseticida, o presidente do São Luiz, Sadi Pereira, teria impedido a entrada no estádio. Segundo Pereira, ele não teria impedido ninguém. Apenas evitava privilegiar algum veículo de comunicação.
— Pulverizaram o 19 de Outubro como fizeram em vários bairros e na Unijuí, por exemplo — afirmou Pereira.
Nenhum dos 28 jogadores titulares do São Luiz, a comissão técnica, os juniores e funcionários do clube — incluindo familiares — apresenta sintoma da doença.
De acordo com o boletim epidemiológico liberado ontem à tarde, nos três hospitais da cidade estão internadas 36 pessoas com suspeita de dengue. Apenas ontem, 114 novas notificações foram feitas e 31 bairros apresentavam
pessoas com sintomas da doença.
* Colaborou
Leila Endruweit