| 02/12/2009 21h33min
Na semana da última e polêmica rodada do Brasileirão, o clicEsportes relembra outros jogos que colocaram a rivalidade Gre-Nal em evidência em uma competição nacional. Um dos mais antigos que se tem notícia aconteceu em 1967. Em sua coluna em Zero Hora nesta quarta-feira, David Coimbra conta esta história.
Confira:
O domingo já aconteceu
No fim da tarde de domingo, quando se soube que o Inter dependeria de uma vitória do Grêmio para ser campeão, houve quem se admirasse:
— Isso nunca aconteceu!
Aconteceu.
Justamente na gênese do Campeonato Brasileiro, aconteceu. O Brasileirão da época chamava-se Robertão. Dele participavam só times cariocas e paulistas. Em 1966, o então presidente do Grêmio, Rudi Armin Petry, procurou o presidente da CBD, João Havelange, para reivindicar a entrada do clube no campeonato.
— Tudo bem, seu Pétry —
Havelange abria a vogal do Pe de Petry. — Tudo bem, mas o Inter tem que entrar também.
Petry topou,
e mais: concordou em ceder o Olímpico para os jogos do rival, uma vez que o Beira-Rio estava em construção. Imaginava, o presidente do Grêmio, que o Inter fracassaria no Robertão como vinha fracassando no Gauchão desde os anos 50.
Enganou-se.
O Inter foi ganhando, ganhando, até que, na última rodada, plasmou-se a seguinte situação: na quarta-feira, 7 de junho de 1967, o Inter fez 3 a 0 no Corinthians no Olímpico. Na quinta, o Grêmio enfrentaria o Palmeiras no Pacaembu. Se o Grêmio vencesse, o Inter seria campeão. Se perdesse, o Palmeiras seria campeão.
E agora?
Seu Petry viajou angustiado para São Paulo. Não podia dizer para seu time perder a partida, mas não podia deixar o Inter ser campeão. Será que os jogadores compreendiam o que representava o Grêmio dar um título ao velho inimigo? Descobriu a resposta momentos antes da partida, quando o ônibus da delegação chegou ao estádio e o lateral-esquerdo Ortunho caminhou até a frente
do carro e gritou:
— Pessoal! Vocês
estão vendo um mar verde. Se a gente vencer este jogo, vamos ver um mar vermelho, quando chegarmos a Porto Alegre.
Seu Petry suspirou de alívio. Em campo, o Grêmio perdeu por 2 a 1. Seu Petry garante que o time não entregou o jogo, que teve até boa atuação. Mas a motivação do Palmeiras, bem, era um tantinho maior.
David Coimbra