| 25/11/2009 22h50min
Apresentado com uma das grandes forças do elenco Figueirense, mas pouco aproveitado na equipe ao longo da Série B, o volante Jeovânio desabafou sobre problemas internos no clube em entrevista ao programa TVCOM Esportes na noite desta quarta, dia 25.
O jogador veio do futebol francês, estava no Valenciennes, e foi apresentado no final de julho. Desde então, o esperado "volantão" não emplacou. Sua última partida foi há seis jogos, contra o Vila Nova, na derrota para os goianos por 2 a 1 no dia 20 de outubro.
>>> Veja a entrevista no TVCOM Esportes
Falta de comando de Márcio Araújo
Entre os assuntos abordados pelo jogador de 32 anos está o relacionamento com o auxiliar Luiz Henrique, a perda de comando
do técnico Márcio Araújo e também a falta de compromisso de alguns jogadores com o
Figueira. De acordo com o jogador, Márcio Araújo já não tinha mais controle da equipe e não foi coerente com a escolha dos titulares.
— Foram escapando porque ele foi tirando jogadores que não sabiam porquê saíam. Ele foi perdendo o controle e isso foi tirando a nossa motivação. O Schwenck jogou 10 jogos e fez oito gols, porque tirou ele? Porque ele tirou o Edson, por ter chutado uma bola? Aí chutou uma bola e depois diz que o Edson não vai viajar porque ele não quer, não é bem assim. No futebol, você tem que relevar muita coisa e, às vezes, ele não relevou. Às vezes, ele achou: é isso que eu quero e pronto. No meu caso, não teve conversa, não teve nada, não me chamou para falar nada. Só teve essa situação que eu mesmo fiquei magoado por ele. Aí você vai conversar com o cara e ele (Márcio Araújo) diz que o cara está desmotivado, vou dizer o quê?
— No futebol, ele mesmo paga, te devolve o que você fez. Nosso grupo tinha 11 jogadores que estavam felizes e os outros que
estavam no banco não.
Então, não adianta, não vai — emendou.
Imaturidade da equipe
O experiente jogador, que estava no time no acesso à Série A também comentou sobre a diferença de comportamento do elenco daquela época para o atual:
— Em 2001 era um grupo diferente, um grupo em que todo mundo gostava de todo mundo. Não digo que este não gostava. Digo assim: a gente tinha uma hora em que fazíamos um churrasco, e todo mundo participava. Não estou dizendo que é a obrigação fazer isso, mas era um grupo que se gostava. A gente acabava um treino e ficava ali conversando, sabíamos dos problemas do outro, a gente queria correr pelo outro, queríamos bater no outro cara por causa do jogador, tinha essa diferença. Faltou um pouquinho da nossa parte, porque naquela época tinha excesso demais, tínhamos uma vontade de ganhar muito grande naquela época. Eu vejo o jogo de fora, vi mais do que dentro, e acho que o que faltou para a gente não chegar foi esse
detalhe do algo mais. E eu já falei isso para todos
ali, não tem porque esconder, a gente precisava disso.
Falta de comprometimento
No ponto de vista de Jeovânio, nem todos os jogadores estavam comprometidos com a missão do Alvinegro em voltar à elite, principalmente os mais novos.
— Quando cheguei falei, meu Deus do céu, o que estou fazendo aqui? Porque era assim: o ano que vem tenho meu time, então pra mim tanto faz quanto tanto fez. Eu, Schwenck, Fernandes e o Régis já não pensávamos assim. Temos uma história no Figueirense, não é assim, o Figueirense não é tanto faz como tanto fez. A gente queria gritar com alguém, só que alguém ia lá e passava a mão na cabeça.
— O cara pensava, estou aqui no Figueira mas ano que vem tenho um contrato (com outro clube). Diferente de 2001, como eu falei.
Coração alvinegro
O volante tem contrato com o alvinegro até o fim de ano, mas espera continuar no
clube na próxima temporada e contribuir mais com o time. O jogador disse que tem propostas, mas
“o coração fala mais alto, e quer ficar”:
— Minha vontade é ficar, não vou esconder isso. Até porque estou devendo muito ao Figueirense por eu não ter feito nada, reconheço. Não me deixaram fazer aquilo que eu mais amo na vida. Queria ficar, tenho uma vontade muito grande de ficar, mas não depende da minha vontade. Tem um pessoal por trás que tem que cuidar da minha permanência, do Fernandes, e de outras pessoas.
O jogador também avisa que com ele, a negociação seria rápida:
— Comigo é direto, fala comigo e a gente resolve em cinco minutos. Até porque meu filho está aqui, aluguei uma casa para ele ficar aqui, ter um crescimento, até porque ele nasceu aqui. Para eu acompanhar ele seria ótimo.
Débito com a torcida
Na memória de Jeovânio, o jogo contra o Duque de Caxias ainda está muito vivo. O jogador se sente em grande débito ao ver a decepção da torcida mais um ano de Série
B:
— Vou falar como torcedor do Figueirense: a coisa que mais me arrepiou
neste final de semana foi ver aquele bando de pessoas ali torcendo por nós. E a pior tristeza que já senti foi olhar todo mundo indo embora, algumas pessoas chorando, e principalmente pelos funcionários do Figueirense que são pais de família e perguntam: o que vai ser do ano que vem? Como eu falei, queria ter feito muito mais do que o pouquinho, esse quase nada que eu fiz pelo Figueirense. Meu sentimento é de um pouco de revolta, de tristeza. Se eu pudesse voltar no tempo poderia fazer muita coisa diferente, e ia fazer, mas o tempo não volta.
Desentendimento com auxiliar
E, para finalizar, o jogador tentou deixar claro que não tem problema com Márcio Araújo por não ter jogador. Seu desentendimento foi com o auxiliar, Luiz Henrique.
— Tiveram coisas que disseram que eu falei e não falei, muito zizizi. Quero deixar claro uma coisa aqui: a pessoa Jeovânio não tem nada contra o Márcio Araújo. Foi uma opção dele, ponto. Meu
problema foi com o auxiliar dele, não foi com ele.
Eu tive porque sou pai de família, não vou ficar escutando umas coisas que ele falou para mim, vou rebater para qualquer pessoa. Do jeito que ele se dirigiu, eu não sou menino, não sou moleque. Fiz muita coisa pelo Figueirense e não vou deixar uma pessoa falar dessa forma comigo.
Volante, que chegou no final de julho ao Scarpelli, quer permanecer no clube em 2010
Foto:
Glaicon Covre