| 21/11/2009 21h23min
Em mais um episódio da série Eu Sou Fanático, é a vez de Fábio Camargo Rodrigues. O torcedor conta a história da mudança da superstição que sua família tinha antes da conquista do Mundial de Clubes pelo Inter em 2006. Todos sentavam sempre no mesmo lugar no sofá para assistir aos jogos. Mas naquele dia, após o gol de Gabirú, que deu o título aos colorados, eles trocaram os lugares, sem perceber. Agora, em todos os jogos, eles fazem as trocas para dar sorte.
Envie a sua história também para o e-mail esportes@clicRBS.com.br, informando seu nome completo, profissão/ocupação e um telefone de contato, além de uma foto, e tenha a sua aventura publicada no clicEsportes.
Confira a história de Fábio Camargo Rodrigues:
Não existe família mais colorada que a minha, pode haver uma tão colorada quanto, porém mais fanática nunca vai existir. Somos cinco irmãos fanáticos desde o dia que nascemos. Vamos a todos os jogos, assistimos aos jogos juntos e temos um ritual em casa, que é assistir aos jogos sentados no mesmo lugar da sala para não quebrar o “encanto”. Os quatro homens, eu (Fábio), Diego, Pedro e Bruno, moramos com minha mãe, e minha irmã (Amanda), mora em Buenos Aires com meu cunhado (Ricardo) e sobrinha (Manuela), graças a Deus, também colorados. Minha irmã estava em Buenos Aires no dia 17/12/2006.
A noite do dia 16/12 para 17/12 parecia que não ia acabar. Sabíamos que não conseguiríamos dormir de tanta ansiedade, por isto, fizemos um churrasco com amigos e ficamos conversando a noite inteira esperando a hora da decisão. À época eu tinha 26 anos, o Diego 25, o Bruno 21 e Pedro 19 anos. Ficamos a noite inteira recordando tudo aquilo que tínhamos passado juntos durante nossas vidas como colorados. Conversamos sobre todos os jogos da Libertadores, lembramos da nossa infância, onde sofremos como torcedores, dos jogos memoráveis que presenciamos no Gigante da Beira Rio, enfim, foi uma noite de recordações onde juntos ficamos numa corrente positiva focados em mandar uma energia positiva para o Japão, onde nosso colorado amado jogaria o jogo mais importante da sua história.
Seguindo o nosso ritual, os lugares que estávamos sentados, deveriam ser os mesmos desde o apito inicial até o final da partida.
Chegou a tão sonhada hora e nós quatro, juntos na sala de casa, vimos a bola começar a rolar. A ansiedade e nervosismo tomavam conta de todos nós, mas não esquecíamos de ficar cuidando os lugares, pois muitas vezes não conseguíamos ficar sentados para assistir ao jogo. Uma hora um levantava e saía da sala para não olhar algum lance, outra hora ficavam os quatro de joelhos em frente a TV “paralisados” fazendo corrente nos lances de ataque do nosso time. Quando voltávamos a sentar, sempre cuidávamos os lugares para não dar azar.
Lá em casa, a situação estava assim até a hora que o santo Gabirú fez aquele gol. Lembro que o Diego e o Pedro foram para rua comemorar com os vizinhos, eu e o Bruno ficamos nos abraçando chorando, deve ter sido um ou dois minutos de euforia, onde nem para TV conseguíamos olhar, tanto que só assisti depois do jogo ao milagre que santo Clemer fez num chute do Deco na gaveta. Após esta euforia estávamos os quatro novamente reunidos na sala para assistir os minutos finais e rezar para o jogo terminar de uma vez.
Acontece que na volta para sala esquecemos de sentar nos lugares determinados para cada um. Passaram-se aqueles minutos, o jogo terminou e ao comemorarmos nos demos conta que não assistimos ao final do jogo nos lugares “reservados”. Graças a Deus veio o tão sonhado título mundial, pois caso acontecesse alguma tragédia, nunca nos perdoaríamos, pensando que a culpa teria sido nossa.
Daquele dia em diante demos adeus para aquela superstição de assistir aos jogos no mesmo lugar, porém foi criada lá em casa uma nova superstição. Quando assistimos aos jogos juntos na sala da nossa casa, começa o jogo e ficamos nos lugares determinados, mas quando o Inter faz algum gol, trocamos os lugares para dar sorte e o Inter seguir vencendo a partida.
Superstições a parte, existe algo que nunca muda. O amor que todos nós sentimos uns pelos outros e pelo Sport Club Internacional.