| 14/11/2009 04h08min
Marcelo Rospide é no telefone como no dia a dia do Grêmio. Assume o cargo de técnico interino sem nenhuma aflição neste fim de campeonato de quatro definitivos jogos, a começar pelo desta tarde, no Mineirão, contra o Cruzeiro do Adilson Batista, um dos pretendidos para o lugar de Paulo Autuori. É uma qualidade de espírito, não tem nada a ver com treinamento ou preparação específica para um cargo complicado como o de técnico de futebol. É de sua natureza ser calmo e comedido. Ontem, conversei com ele por telefone, antes de sua viagem para Belo Horizonte. Gostei do que ouvi.
Você vai pegar o Grêmio no momento culminante do Brasileirão.
Marcelo Rospide – É, temos quatro jogos decisivos, com equipes que lutam na parte de cima da tabela.
O tratamento tem que ser este: jogo
decisivo?
Rospide – Exatamente. São partidas com
alto grau de importância e precisamos terminar o ano ainda vislumbrando uma classificação à Libertadores. As chances são remotas, mas existem. É importante terminar 2009 da melhor maneira possível.
Como é entrar no lugar de Autuori por três jogos?
Rospide – Vou dar continuidade à ideia tática que vinha sendo trabalhada. Mas a estratégia de abordagem e de preparação para os jogos será um pouco diferente. Precisamos resgatar a nossa dignidade para terminar o campeonato de forma vitoriosa.
Esta foi a conversa que você teve com os jogadores?
Rospide – Este é o meu pensamento, a ideia que eu estou tentando incutir na cabeça dos jogadores. Até porque é final de temporada e nesse período se encaminham situações
de mercado. Jogar contra o Flamengo disputando o título, na última rodada, será uma vitrina muito boa.
Notícias de que o Grêmio vai mudar o perfil do grupo não afetam o trabalho?
Rospide – Espero que não. Isso vai muito do pensamento de cada atleta. A dedicação nos treinos, no dia a dia, eu garanto que continua a mesma. Todos os jogadores estão concentrados, motivados e compenetrados para esta partida contra o Cruzeiro. Acredito que neste jogo, se não voltarmos com o resultado negativo, teremos mais força e motivação para as outras três partidas.
O grupo absorveu bem a saída do Autuori? Entendeu as razões?
Rospide – Acredito que sim, até porque era impossível não aceitar a proposta. Os atletas estão acostumados com esse tipo de negociação. Claro que sentimos. Tínhamos apreço pelo trabalho e pela pessoa do Paulo, que é sensacional. Mas o
barco tem de continuar e não dá para lamentar por muito tempo.
Conseguiu falar com Paulo
sobre questões de trabalho?
Rospide – Consegui, principalmente nesses últimos dias. Trocamos muitas ideias no sentido de ainda prevalecer, pelo menos neste primeiro momento, algumas questões em que já estávamos pensando. Foi o caso da troca do Lúcio pelo Fábio.
O que aconteceu com o Lúcio para não estar rendendo bem?
Rospide – É um jogador que retornou do Exterior depois de sofrer uma lesão gravíssima. Tudo de ruim que pode acontecer em um joelho o dele sofreu. Só o fato de estar jogando é uma vitória. Acredito que sejam estes dois aspectos: o retorno de grave lesão e estar vindo de uma escola de preparação diferente.
Há uma diferença muito grande entre a preparação física europeia e a
brasileira?
Rospide – O conhecimento teórico está
globalizado, mas a diferença é uma questão cultural. Quando volta, o jogador tem que se desacostumar ao trabalho europeu e tem de readaptar-se ao nosso. Muitas vezes treinando em dois períodos, o que na Europa não acontece mais.
Além da do Fábio Santos haverá alguma outra modificação?
Rospide – Não, só a que já estava sendo encaminhada pelo Autuori. Nos dois jogos anteriores ele vinha colocando o Fábio. Fora isso, há o retorno do Rochemback.
Rochemback tem sido muito criticado. Como você vê este jogador?
Rospide – Ele saiu em 2000, está desacostumado ao trabalho.
Você está pensando em utilizá-lo em que função?
Rospide
– Neste jogo, especificamente, vamos adiantá-lo um pouco mais. Vamos jogar com o Douglas Costa como segundo
atacante.
O que sabe do Cruzeiro além do que normalmente se sabe?
Rospide – Nós temos um mapeamento do Cruzeiro. É uma equipe que tem a sua força no seu tripé de meio-campo com Henrique, Fabrício e Marquinhos Paraná. O Gilberto deu o toque de qualidade que talvez faltou na Libertadores. Eles têm também o Jonathan, pela direita, e mais os dois atacantes, Thiago Ribeiro e Wellington Paulista, com propensão para gol. É um adversário de qualidade.
A ideia é não deixar o Cruzeiro jogar?
Rospide – É, nos termos de um posicionamento defensivo consistente, jogando com transições rápidas.
Sabe que todo mundo está de olho neste jogo, inclusive o
Inter?
Rospide – É, mas para nós esta questão passa despercebida. Não podemos nos preocupar que
em caso de vitória ajudaremos A ou B.