| 04/11/2009 06h10min
Valdir Friolin
Não entro nessa de alucinações dos colorados acerca de eventual corpo mole do Grêmio diante do São Paulo hoje para prejudicar o Inter. No ano passado as paranóias eram iguais, só que dos gremistas. Então, deixo tudo nas mãos do que de melhor tem o futebol: as santas irracionalidade e incoerência do torcedor, temperadas pelo molho da paixão.
Para além de um grande jogo, que opõe um candidato ao título e uma invencibilidade de 14 meses em casa, alimento uma curiosidade. Que será saciada antes de a bola rolar.
Qual será o comportamento do estádio quando o nome de Paulo Autuori for anunciado pelo sistema de som, depois de duas semanas de
declarações infelizes do técnico?
Não duvido que, pela primeira vez, Autuori sinta a sensação experimentada por Celso Roth durante tanto tempo no Olímpico. Você lembra? Toda vez que os alto-falantes ecoavam o nome de Celso Roth, uma vaia densa se espraiava pelas imediações da Azenha. Involuntariamente ou não, Autuori fez por onde correr este risco.
Primeiro, recusou-se a debater críticas ao seu trabalho, colocando-se em uma posição imperial. Foi quando disse o nada simpático "Se não quiserem o Paulo, tirem o Paulo". Depois, não apareceu para a entrevista coletiva após vencer o Avaí no Olímpico, mandando o auxiliar Rene Weber em seu lugar.
Ainda no clima de irritação pós fiasco em Santo André, domingo, questionou em público o seu grupo de jogadores. Ao construir a demolidora frase "Quero um grupo com perfil vencedor", na verdade justificou-se ao Brasil sinalizando que comanda um time de perfil perdedor.
Por fim,
ontem, Autuori não rechaçou a possibilidade de voltar ao
Catar. Nem mencionou o projeto antes classificado por ele de maravilhoso: gerenciar o futebol do Grêmio desde as categorias de base. Admitiu ter sido procurado e não descartou nem que os árabes façam proposta ao Grêmio. Sem falar em outras ofertas, do mercado nacional.
Autuori parece emitir sinais de que está chateado, desiludido, a fim de ir embora de Porto Alegre. Este é o ponto.
É um homem campeão de tudo na carreira. Desfruta de ótimo conceito no ambiente do futebol. Só que o torcedor queria resultados, vaga na Libertadores e um treinador que demonstrasse vontade desmedida de permanecer no Grêmio. E Autuori não está passando este sentimento. Pelo contrário. Tudo parece mera obrigação contratual.
Vou esperar pelo sistema de som do Olímpico, hoje.
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