Descobri quem é o grande craque do Grêmio. Ele aparece em todas as entrevistas depois dos jogos, na vitória e na derrota. Mais na derrota, por que o craque sempre promove a esperança. Então, se o resultado for ruim, fala-se muito nele. Tudo está dando errado, mas é preciso ter calma. O craque está lá, sereno, condenado a resolver tudo. É só esperar mais um pouco.

Como trata-se de um craque complexo, misterioso, genial no universo de variáveis que se retroalimentam, algo assim realmente revolucionário, o torcedor pode ficar tranqüilo. Tudo terminará bem, mesmo que o Grêmio jogue como nunca e perca como sempre fora de casa. Mesmo que o Grêmio caminhe para terminar o ano sem ganhar absolutamente nada. Nem Gauchão.

Planejamento. Este é o nome do grande craque do Grêmio na voz de seus dirigentes.

Há alguns probleminhas acontecendo, como este aborrecimento de se apequenar e perder de todo mundo, menos o Náutico, se for preciso pegar avião para jogar. Tem também uma certa decepção com o técnico. Paulo Autuori veio de longe, aguardado como um messias imune a erros e capaz de milagres do tipo fazer Thiego tornar-se lateral-direito ou ganhar uma partida de futebol sem cometer faltas. Mas tudo isso é secundário diante de uma realidade maior: 2010 já está todo planejado.

Sendo assim, qual a razão para estas reações infantis e menores, como fechar o ano sem títulos, temer não ir à Libertadores ou perder o DNA guerreiro do Grêmio, cuja transfusão para o futebol cadenciado de Autuori parece estar sendo rejeitada pelo organismo?

Planejamento, eis a solução para todos os problemas do Grêmio. Tudo o que está dando errado no presente vai dar certo no futuro, mesmo que o presente também tenha sido planejado no passado. Se a direção do Grêmio não providenciar alguma margem de improvisação para 2010, algo para sair do banco e substituir de vez em quando o tal planejamento estratégico beatificado e infalível só na teoria, sei não.

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