| 30/10/2009 04h32min
Valdir Friolin
Não é nada que signifique atrito incontornável ali adiante, mas a relação do técnico Paulo Autuori com os dirigentes não é mais a mesma. Repito: não falo de crise, briga, não é nada disso. Mas posso assegurar que não existe mais aquela idéia de que Autuori é um santo a ser mantido em um pedestal, em posição inatingível, de quem tudo se deve aceitar por conta do currículo vencedor.
A primeira inconformidade atende por um nome: Douglas Costa. A direção ainda não engoliu a retirada do meia da seleção sub-20 no Gre-Nal.
No primeiro tempo, Douglas foi o melhor em campo do Grêmio, mas saiu para a entrada de Herrera, enquanto Fábio Rochemback
permaneceu no time apesar do seu desempenho irreconhecível. O ex-volante do Inter pode não estar no auge da forma física, mas nem isso justifica um atuação tão abaixo da média. "Roca", como o técnico constuma chamá-lo, ficou no time. Douglas, sempre Douglas, uma rotina no Olímpico, foi sacado.
Depois do Gre-Nal, ainda no vestiário, o vice de futebol Luiz Onofre Meira fazia esforço para não manifestar sua irritação, por uma questão de respeito ao treinador. Mas quem estava lá viu muito bem a sua expressão quando indagado sobre a substituição de Douglas. Estava indignado.
O segundo fator que desagradou aos dirigentes do Grêmio foi a inusitada ausência na entrevista coletiva após a vitória sobre o Avaí. Do ponto de vista contratual, tudo certo. Autuori havia admitido esta possibilidade quando selou o acordo com o Grêmio. O errado é uma certa desconsideração com o torcedor, que quer ouvir explicações e opiniões do técnico cujo salário ajuda a
pagar comprando ingresso e mantendo
a mensalidade de sócio em dia.
Este não foi o único episódio envolvendo contato com a imprensa que causou desconforto entre a "intelligentzia" gremista. Houve outro.
A direção já havia estranhado quando o técnico preferiu não argumentar acerca das primeiras críticas que recebeu desde a sua chegada ao Grêmio, após extenso período de fartura de elogios. Ele encerrou o assunto ao afirmar que bastaria mandá-lo embora caso não gostassem de suas atitudes. Ficou uma impressão de que, para ele, pouco importa ficar ou não ficar no Grêmio.
É fato. A relação de Autuori com a direção do Grêmio já não é como antes.
Ainda está longe da incompatibilidade, da crise, da briga. Mas a unanimidade acabou. Seria bom o Grêmio começar a vencer fora de casa.
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