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 | 14/10/2009 22h48min

Massa diz que Alonso sabia do plano da Renault em Cingapura

Piloto brasileiro deu uma longa entrevista nesta quarta em São Paulo

Ao que tudo indica, a relação de Felipe Massa e Fernando Alonso promete ser tensa na Ferrari. Nesta quarta-feira, o piloto brasileiro afirmou a jornalistas brasileiros que o espanhol sabia da ordem da Renault para Nelsinho Piquet bater de propósito no GP de Cingapura de 2008 para beneficiá-lo.

— De todos, ele é o de menos no problema. É mais a equipe e o Nelsinho, mas o Alonso é parte do problema. Ele sabia, não tem como não saber. Lógico que sabia, certeza absoluta. Não tenho nada contra o Nelsinho (Piquet), mas foi uma coisa triste. Ele poderá voltar à F-1. Ele não estava num ano fantástico e teve aquilo, mas pode ter outra chance — disse Felipe.

Horas depois, a Ferrari emitiu um comunicado com declarações de Massa em que o brasileiro diz que não tinha provas de que o espanhol sabia do “Cingapuragate”, como o caso foi tratado pela imprensa internacional, em referência ao caso Watergate, escândalo político ocorrido na década de 1970 nos Estados Unidos.

— Tudo é fruto de sensação que tive, e não com base em elementos concretos. O Conselho Mundial da FIA decidiu que não há nenhuma prova envolvendo Alonso, e respeito essa decisão. Lógico que fiquei chateado com aquilo que surgiu em Cingapura mas agora é hora de virar definitivamente a página e olhar para a frente. O caso não afetará meu relacionamento com Fernando — disse a nota.

Totalmente recuperado do grave acidente sofrido há 82 dias, durante o treino classificatório para o GP de Hungria, Massa conversou por um bom tempo com os jornalistas em uma churrascaria em São Paulo. Sorridente, falante e ansioso pelo nascimento do primeiro filho, que também se chamará Felipe, ele discorreu sobre diversos temas. Confira os principais trechos da entrevista:

Regulamento para 2010, sem reabastecimento
“Vai mudar bastante, vai ser um começo de corrida com as primeiras 10, 15 voltas bem diferentes. O carro ficará quatro segundos mais lento, vai ser uma diferença grande, com certeza vai aumentar o número de ultrapassagens. Tem piloto que vai estranhar muito as primeiras curvas e isso pode fazer com que ele perca posições. Não estou acostumado a correr com o tanque cheio, mas vai ser uma mudança que teremos de aprender nos treinos. É preciso testes, hoje temos teste para a classificação e para a corrida e ano que vem vai ter também”.

Teste em Fiorano na última segunda-feira
"Foi muito bom, fiquei superfeliz. Parecia que o acidente não tinha acontecido. Saí na primeira volta acelerando, não estava nem aí, não estava preocupado em sair devagar. Nada de estranho aconteceu. Caiu uma chuva muito forte, não tinha o porquê andar na chuva. Fiquei parado um tempão e voltei a dar umas voltas no final. Vou te falar que as voltas foram muito constantes. Não senti nenhum medo. Estava 95% certo de que nada iria acontecer, como foi andar de kart. Fiquei dois meses sem fazer preparação física e em uma semana estava quase como antes do acidente. Tudo funcionou normalmente. Pensei que um treino de Fórmula-1 não seria diferente e nada foi diferente".

Correria o GP do Brasil neste domingo?
"Por mim, sim. Mas é lógico que a gente tem toda a parte médica, porque você pode sofrer um outro acidente, é um esporte de risco. Então eu preciso estar 100%, chegar no fim da recuperação para que eu tivesse como me recuperar de outro acidente. Eu poderia estar na pista, fisicamente, como todo o resto. Aguentaria uma corrida tranquilamente. Não é só sentar no carro e guiar, é mais a parte médica. Falta muito pouco para eu estar 100%. Se fosse só guiar, eu já poderia. Se tivesse mais algumas corridas, voltaria já este ano."

Parceria com Alonso
"Sempre tive ótimos companheiros de equipe. Todos com grande capacidade de disputar o campeonato ou vencer o campeonato, como Schumacher, o Kimi e o Alonso agora. Você na Ferrari tem de esperar que seu companheiro será difícil, rápido, uma casca dura. Mas sempre tive pilotos rápidos, competitivos e estou esperando mais um. Então não muda muito, mas espero que seja um piloto com que eu consiga trabalhar bem dentro da equipe e que nenhum problema aconteça. O Kimi já me motivava, é um campeão do mundo. Com um carro difícil, é só você ver o que a gente estava fazendo antes do acidente e o que ele fez depois também. Então sempre tive ótimos companheiros e a motivação continuará sempre alta. Não tenho a mínima ideia (sobre a reação do finlandês), o Kimi não conversa muito com as pessoas. Sair da Ferrari é complicado. A vontade de correr na Ferrari é sempre grande."

Bandeirada no GP do Brasil
"A vontade de dar a bandeirada nunca passou pela minha cabeça, meu negócio é guiar, estar dentro da pista. Será bacana por causa do público, vou dar a bandeirada feliz, mas a vontade era estar na pista em que eu sempre andei bem, conquistei várias vitórias. Gostaria de estar correndo, mas tive um acidente sério e preciso voltar 100% no ano que vem. Espero dar a bandeirada para o Rubinho e que o campeonato não acabe aqui. É sempre difícil saber o que vai acontecer numa corrida, muita coisa pode acontecer. Interlagos favorece as equipes que usam o Kers, pode ter uma McLaren rápida e uma Ferrari. A Brawn, pela temperatura, deve andar bem. É sempre difícil dizer qual equipe vai ganhar. Se chover, pode mudar bastante."

Recuperação do acidente na Hungria
"É lógico que foi um pouco complicado, sou um cara que gosta de sair de casa, fazer esporte, sair com os amigos, viajar... Casa é sempre casa, você gosta, mas quando fica sempre em casa, acaba enchendo um pouco o saco. Estava com o olho desse tamanho, quando a mola bateu mexeu muito com a minha visão, mas a visão foi o que percebi que melhorou mais rapidamente. Hoje está 100%. Tive uma recuperação muito rápida, o rosto foi desinchando muito rapidamente. Eu via menos, o olho estava embaçado, acho que tinha sangue parado, dificultava um pouco a visão. Tem até uma história engraçada. Estava na Hungria, na quarta após o acidente, com a Raffaela e o Dino e estávamos conversando sobre corrida e a minha mulher disse que eu não correria em Valência por não estar pronto. Tentou me explicar e foi ao banheiro. Daí falei com o Dino para ele pegar na mão essa história porque se dependesse dela eu jamais voltaria (risos). Eu não imaginava que perderia corridas, porque não sabia o que tinha acontecido."

Relação com Rubens Barrichello
"Tenho uma amizade muito boa com o Rubinho. Antes de começar o campeonato, eu estava treinando e encontrei com ele. O Rubinho não sabia o que iria acontecer, ele queria correr de qualquer jeito, qualquer equipe que quisesse ele aceitaria. E eu tava dando apoio para ele parar. Com a carreira que ele fez, já era o piloto com o maior número de corridas, com uma idade em que poderia parar tranquilamente, já fez uma vida dentro de casa sensacional. Ele já tinha feito muitas coisas na carreira, e ele não queria de jeito nenhum. E hoje dou mais razão para ele. O Rubinho entrou numa equipe em que 100% das pessoas jamais achavam que seria o que foi. Então, ele fez bem de querer continuar. Vou falar para ele continuar (risos)."

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