| 25/09/2009 04h10min
Pode ser uma inquietação do momento, como diz o analista de arbitragem Francisco Garcia, da Rádio Gaúcha: quanto mais se aproxima a definição do Campeonato Brasileiro maior proporção assumem os erros (ou supostos erros) de arbitragem. A 13 rodadas do final, a direção do Cruzeiro anuncia o pedido de afastamento do árbitro Evandro Rogério Roman, acusado de omitir três lances de pênalti na partida de quarta-feira contra o Palmeiras, casualmente o líder da competição.
No domingo, dia 20, em lance dentro da área, o velho volante Fernando, do Santo André, sofreu uma tesoura do zagueiro Miranda, do São Paulo, casualmente o vice-líder do Brasileirão.
À noite, o lance valeu indicação no Fantástico, da Globo, como exemplo didático de pênalti a ser ministrado em escolas de arbitragens. O árbitro paulista Flávio Rodrigues Guerra não entendeu assim e deixou o jogo correr. A repercussão, porém, foi silenciosa, comparada à gritaria emitida pelo Cruzeiro ao final da derrota
diante do Palmeiras.
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Fomos prejudicados. Quem trabalha fora do eixo Rio-São Paulo tem que matar um leão por dia. Isso com um clube da grandeza do Cruzeiro. Não nasci ontem e sei o que é bom para o campeonato. Não desmereço o Palmeiras ou Muricy. Ele já foi prejudicado quando estava no Internacional – desabafou Adilson Batista, alguns tons acima do que os técnicos de clubes grandes costumam declarar em público.
O ambiente geral motivou uma nota do clube mineiro. Sob o título “Vergonha e indignação”, relaciona os equívocos do Mineirão entre os “grandes absurdos do futebol brasileiro em 2009”, sente cheiro de “armação e manipulação” e relembra denúncia da imprensa, segundo a qual o diretor de arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa, teria despachado às sextas-feiras da sede da Federação Paulista de Futebol. “Se for verdadeira essa acusação, tal postura nos parece gerar constrangimentos e ser antiética”. A nota é assinada pelo presidente Zezé Perrella.
Pelo telefone, o superintendente de futebol Marco
Aurélio Cunha, do São
Paulo, considerou-se vítima.
– Pênalti para nós é sempre mais difícil – declarou o dirigente. – A média dos erros está equilibrada, fala-se muito dos jogos entre os líderes, mas o pessoal do meio da tabela, de quem a gente não vê o jogo com tanta atenção, reclama muito.
Cunha defendeu-se do pênalti cometido por Miranda sobre Fernando no domingo lembrando que o árbitro Flávio Guerra já teria prejudicado o São Paulo no Estadual, justamente a favor do Palmeiras. E apressou-se em lembrar dos erros que favoreceram o Inter no empate em 2 a 2 em Porto Alegre, neste Brasileirão. Do Beira-Rio, aliás, corre a suspeita de que a atuação de Roman no Mineirão seria uma compensação do que ele próprio teria feito ao Palmeiras diante do Goiás na 13ª rodada.
Cinco principais equívocos no Brasileirão
Avaliação de Francisco Garcia, da Rádio Gaúcha, para quem há outros inúmeros equívocos desde a primeira
rodada:
1 Palmeiras 0x0 São Paulo 3ª rodada (Rodrigo Bragheto/SP) Miranda
comete pênalti em Diego Souza. Árbitro mandou seguir.
2 Inter 2x2 São Paulo 13ª rodada (Rodrigo Nunes de Sá/RJ) Alecsandro marca dois gols em posição de impedimento.
3 Goiás 1x0 Flamengo 17ª rodada (Héber Roberto Lopes/PR) Léo Lima comete falta clara em Willians e faz o gol. Jogada irregular.
4 Santo André 1x1 São Paulo 25ª rodada (Flávio Guerra/SP) Miranda derruba Fernando, do Santo André, com uma tesoura. Árbitro ignora.
5 Cruzeiro 1x2 Palmeiras 25ª rodada (Evandro Roman/PR) Dois pênaltis não marcados em favor do Cruzeiro.
Direção do Cruzeiro anunciou pedido de afastamento de Evandro Rogério Roman
Foto:
Divulgação, Vipcomm