| 26/08/2009 05h10min
Vinicius Rebello
O presidente Vitorio Piffero empenhou a palavra e não há motivo para duvidar. O Inter vai recusar a proposta de R$ 43 milhões do Tottenham, da Inglaterra, por Sandro (foto). Se já vendeu Alex e Nilmar, se desfazer de um terceiro jogador importante é algo próximo a cometer suicídio no Brasileirão mais fácil de ganhar desde a adoção do sistema de pontos corridos. Sobretudo se o discurso oficial é o de vender um, apenas e tão somente um, titular por temporada. Então, o presidente está sendo coerente, já que Alex
entrou na conta de 2008, mesmo negociado este ano para o Spartak, de Moscou.
Mas ainda assim o Inter corre o risco
de repetir 2008 e perder o campeonato para a janela de agosto.
Ficar sem Nilmar e seus golaços salvadores é um déficit futebolístico descomunal, mas os ventos da janela infestam o ambiente todo. No ano passado, até o argentino Guiñazu perdeu o prumo ao ser cobiçado pelo Al Jazira, dos Emirados Árabes. Lembram? Eu mesmo ouvi, ao vivo. Ele meneou a cabeça, olhou para o chão e, encarando os repórteres olho no olho, disse uma frase emblemática para entender os efeitos que uma proposta milionária como esta, dos ingleses por Sandro, produz na vida de um jogador:
— Está difícil de se concentrar, no treino e no jogo.
Quando um profissional de conduta impecável como Guiñazu admite o quanto a janela de agosto mexe com a cabeça dos jogadores, especialmente no Inter, sempre alvo de propostas do Exterior, é por que estamos diante de um fato capaz de perturbar o ambiente em níveis inimagináveis. Até quem não
recebe proposta, só pelo fato de esperá-las, pode ser
afetado.
Portanto, mesmo que o Inter não venda mais ninguém, a janela e suas consequências são inimigos a serem vencidos. Basta agosto chegar e começam as notícias de assédio.
Este ano, houve proposta oficial por Magrão dos árabes, falou-se na saída de D'Alessandro, Bolívar quase voltou ao Principado de Monaco, Nilmar se foi e, agora, o Tottenham aparece para encher a cabeça de Sandro. E não é só isso. Saem uns, chegam outros. E os que chegam para o lugar dos que saem precisam de tempo para encaixe no time e aprimorar a forma. É caso de Edu e Fabiano Eller. No ano passado vieram Daniel Carvalho, Rosinei, Gustavo Nery, Bolivar e D'Alessandro. Saíram, basicamente, Iarley e Fernandão, sem falar nos menos votados, como Ângelo.
No ano passado, repito, o Inter se perdeu no Brasileirão por culpa da janela de agosto.
Se reequilibrou a tempo de conquistar a Sul-Americana e o ano
terminou bem, mas o raio não cai duas vezes no mesmo lugar. A exigência,
agora, é o título 30 anos depois de 1979. Ou vaga na Libertadores. O jogo contra o Santos, hoje, na Vila Belmiro, é mais uma chance para o Inter responder o que é mais difícil de superar: os adversários ou a famigerada janela de agosto?
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