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 | 04/08/2009 05h10min

Inter e Fernandão estão de mal, mas farão as pazes

Diogo Olivier, colunista online  |  diogo.olivier@zerohora.com.br




Diego Guichard, BD





Fernandão (foto) virá hoje de Doha, no Catar, direto para o Goiás, já de contrato rescindido com o Al-Gharafa. Surpresa geral. Imaginava-se que fosse escolher São Paulo, Palmeiras, Santos.

Alguns dos clubes mais poderosos do Brasil o desejavam. Mas o capitão do Inter campeão do mundo claramente optou pelo lado afetivo em vez da melhor proposta financeira. Queria o Inter, mas o Inter não o quis. Sendo assim, decidiu-se por ficar perto dos pais na fazenda onde nasceu e, dali, ir treinar no Serra Dourada.

Fernandão ficou magoado. Escreveu em seu blog que o Inter fechou as portas para ele, o que resultará em uma onda de reclamações e protestos da torcida. O problema é que Fernando Carvalho diz que a história não é bem assim. Os dois teriam trocado e-mails sobre um possível acerto, mas o Inter não havia feito proposta ainda, esperando o retorno ao Brasil.

O certo é que o presidente Vitorio Piffero e o vice de futebol Fernando Carvalho vão ouvir poucas e boas por algum tempo. Em momentos assim, o torcedor sempre fica ao lado do ídolo, ainda mais um ídolo de conduta irretocável como Fernandão.

Os colorados sonhavam com a volta dos gritos de "Uh, terror, Fernandão é matador" no Beira-Rio. O Inter, como se sabe, se divide em AF e DF, antes e depois de Fernandão. E de Fernando Carvalho também, é claro. O "F", no caso, vale para os dois. Mas é fato: Fernandão tornou-se o emblema da passagem de um time deprimido e perdedor para outro, orgulhoso e colecionador de títulos.

Como há paixão no meio — ou alguém duvida que Fernandão e o Inter tem um caso de amor? —, compreendem-se os comportamentos passionais. Assim, é preciso relevar alguns gestos, como a manifestação de Fenandão em seu blog e o tom da resposta de Carvalho no Japão.

O Inter, está claro, teve medo de correr o risco de arranhar uma imagem de ídolo rara de se construir no futebol. Talvez esta condição tenha até assustado. E se Fernandão não voltasse naquele padrão espetacular de 2006? Como deixá-lo na reserva? 

Ao primeiro erro de quem estivesse no seu lugar, mesmo que por méritos, a vaia correria solta. Nem se ele mesmo pedisse aplausos ao titular — e Fernandão seria bem capaz disso, pela índole — a torcida atenderia. Também é verdade que o camisa 9 poderia voltar tinindo, com o seu cabeceio mortal. Bem, nunca saberemos.

Ao final, se não teve final feliz, a novela terminou de maneira bastante razoável.

Fernandão volta para sua casa em Goiânia com a imagem junto aos colorados fortalecida. E o Inter, por meio de seus dirigentes e torcedores, estão empenhados em mantê-lo no altar vermelho com toda a reverência que a trajetória de um jogador assim exige.

O amor entre Inter e Fernandão, podem apostar, vai suplantar tudo logo ali adiante. Eles só estão de mal.


 

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