| 01/08/2009 05h10min
Diego Guichard, BD
Fui ao Beira-Rio ontem entrevistar Andrezinho para a versão impressa dominical de Zero Hora. Dali, parti para a casa no bairro Chácara das Pedras, onde conheci sua mãe, dona Erli Fostina dos Santos, 56 anos. Dona Erli veio do interior paulista festejar o aniversário de 26 anos do caçula — há ainda Elena, 29 — completados quinta-feira. O novo camisa 10 tornou-se o emblema do Inter que tenta se reerguer.
Mas não é de Andrezinho que quero falar. Só o mencionei pelo contexto. Enquanto o esperava, Alessandro Santos, funcionário do Inter que trabalha no vestiário, me perguntou o
seguinte:
— É verdade isso aqui? — ele perguntou, me mostrando a nota no jornal. — O Fernando rescindiu
contrato e vai voltar?
É só do que tratam os colorados. É compreensível. Fernandão revolucionou o Inter. Entre o Flamengo pop, preferiu o projeto de Fernando Cavalho, que foi convencê-lo a trocar a França por Porto Alegre ao vivo, em sua fazenda em Goiânia.
Fernandão foi o terapeuta que, dentro e fora de campo, elevou a auto-estima do clube. Chegou anunciando com a maior naturalidade dois planos: conquistar títulos internacionais e voltar à Seleção Brasileira. Alcançou os dois. Ergueu as taças da Libertadores e do Mundial e foi convocado por Carlos Alberto Parreira para um amistoso.
Já escrevi que considero Fernandão o maior jogador da história do Inter. Não o melhor. O mais talentoso foi Falcão. Mas o maior, pelo que representou ao simbolizar a passagem do clube atrasado e perdedor há décadas para o orgulhoso campeão de tudo, este é Fernando Lúcio da Costa.
Mas passou. Fernandão não deve voltar.
Seria ruim para ele e para o Inter. Ídolos como Fernandão
precisam ficar onde estão: no altar, para serem adorados.
E se ele atravessar uma má fase, algo normal na vida de qualquer jogador? Como deixar Fernandão na reserva? O retorno ao convívio dos mortais só serviria para arranhar sua imagem beatificada. Fernandão faz mais pelo Inter mantendo a saudade no coração dos colorados. E o Inter, preservando Fernandão, garante aos seus 100 mil sócios e milhões de torcedores um ídolo eterno e incontestável.
Não vale a pena correr o risco de imolar o santo vermelho.