| 27/07/2009 13h10min
Valdir Friolin, 25/7/2009
Não concordo com os exageros cometidos por um grupo de torcedores do Inter na chegada da delegação a Porto Alegre após a derrota para o Botafogo, ainda na madrugada de sábado para domingo. Ninguém me contou. Eu estava lá. E há testemunhas. O Júlio César Santos, da RBS TV, captou as imagens com o seu cinegrafista e as levou ao ar com exclusividade no Bate-Bola, da TV COM, ontem à noite.
Algumas ofensas, como as recebidas por Tite, são inaceitáveis. "Vagabundo", gritou um deles. Não é assim que as críticas devem ser conduzidas em um ambiente civilizado e
democrático.
Mas o protesto do aeroporto deixou um recado claro a um naco do Inter que
até então estava sendo levado livre na crise: os jogadores.
Antes, o alvo único de tudo de ruim que aconteceu no Beira-Rio de junho para cá era o técnico Tite. Não é mais. A derrota para o Botafogo não liquidou a paciência apenas do vice de futebol Fernando Carvalho acerca da queda abrupta e aparentemente sem explicação de rendimento de alguns jogadores.
O torcedor, aos poucos, vai socializando as culpas.
No Salgado Filho, não havia apenas os radicais que pretendiam constranger jogadores e técnico com agressões verbais. Transeuntes ou apenas colorados curiosos também se aproximaram para ver a chegada do Inter, quando perceberam a movimentação atípica. E deles emergiu um protesto pacífico, que talvez tenha mais força do que o dos radicais.
Sorondo e Sandro (foto), que mostraram empenho comovente na derrota para o Botafogo, ganharam aplausos.
Rapidamente, os dois foram cercados para autógrafos, enquanto nomes como Bolívar,
Álvaro, Magrão, Taison e D'Alessandro passaram incólumes. O argentino ainda atendeu uma única fã para uma foto. E se foi.
E o que significa a escolha de Sorondo e de Sandro para um carinho explícito em uma clima tenso e de derrota como o da chegada a Porto Alegre na madrugada de sábado para domingo? Significa que o torcedor identificou algo mais de errado além da demora de Tite em se livrar do esquema tático falido do ano passado e outras falhas do treinador.
O torcedor colorado quer o time todo correndo como Sorondo e Sandro, ganhando, perdendo ou empatando. Jogando mal ou bem.
Posso estar errado, mas por aí passa a "sacudida" no vestiário prometida por Fernando Carvalho.