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 | 26/07/2009 02h20min

Clima péssimo na chegada a Porto Alegre

Dirigentes ficam no Rio e reforçam suspeitas de demissão de Tite

Diogo Olivier, colunista online  |  diogo.olivier@zerohora.com.br

Valdir Friolin


Fui ao Aeroporto Salgado Filho ver a chegada do Inter a Porto Alegre após a derrota por 3 a 2 para o Botafogo. Um frio do cão, mas depois de o vice de futebol Fernando Carvalho prometer sacudir o vestiário achei que era o caso de ir até lá sentir o clima. E o que vi não foi nada agradável: ambiente de pura tensão, caras amarradas, nervos à flor da pele, protestos belicosos da torcida, o técnico Tite protegido por seguranças.

Para completar, Carvalho e o presidente Vitorio Piffero não vieram com a delegação. Ficaram no Rio de Janeiro, o que apenas aumentou as suspeitas de que tenham ficado por lá para buscar um novo treinador.

Não demorou muito para a hipótese de que Carlos Alberto Parreira seja anunciado como substituto de Tite se espalhasse pelo Salgado Filho em segundos. Logo adiante alguém lembrou de Dorival Júnior, do Vasco, que perdeu para o Bahia por 2 a 1 na Série B e deixou o grupo do G-4 na Segundona.

O fato de Tite passar pelo saguão cercado de seguranças e sem dar entrevistas reforçou a impressão de que algo tenha acontecido após a derrota, embora os dirigentes não tenham anunciado a sua demissão no Estádio Engenhão.

O clima está péssimo. É como se bastasse riscar um fósforo para tudo explodir.

Cinco torcedores enfurecidos cobraram empenho dos jogadores a metros de distância deles, quase olho no olho. Taison se irritou e respondeu com um palavrão.

— Não adianta ficar brabinho — devolveu um dos torcedores.

Bolívar, quando ouviu um deles gritar "Vamos jogar mais Bolívar, vamos jogar!", parou o carrinho com a bagagem e o encarou. Só prosseguiu quando o torcedor passou a criticar o próximo que saía no desembarque. Sorondo foi aclamado. Sandro, também. Não apenas pelo grupo raivoso, mas por outros colorados do aeroporto que observavam a chegada do time sem estarem vestidos com camiseta do clube. A bronca era mesmo com Bolívar, Álvaro, D'Alessandro, Magrão e Tite. Magrão ouviu uma cobrança mais dura e respondeu com calma.

— Vamos melhorar, pode acreditar.

Mas nada se compara ao protesto contra Tite.

Logo na chegada, estranhei tantos seguranças para um desembarque à meia-noite, se havia alguns poucos torcedores. Que nada. Não fossem eles, os seguranças, não sei o que seria de Tite. Os torcedores avançaram contra ele. Exageraram: lançaram alguns xingamentos injustos e duros de engolir para qualquer pessoa séria, trabalhadora e com uma família a zelar. Tite até fez menção de parar e tirar satisfações, mas os seguranças o levaram até o ônibus com rapidez.

Depois do que vi no aeroporto, me parece que a sacudida prometida por Fernando Carvalho só pode ter dois caminhos: demitir Tite de uma vez (e contratar um ótimo substituto, é claro) ou mantê-lo e promover uma cirurgia no vestiário.

Por que o ambiente não é bom e exige uma atitude enérgica.

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