| 05/06/2009 15h20min
Agora fala-se muito nos dois técnicos gaúchos na final da Copa do Brasil, Tite e Mano Menezes. Dois alunos de uma mesma escola, dois amigos, dois irmãos, dois produtos da incrível máquina de fabricar treinadores do Rio Grande do Sul. Assim, só falta mesmo eles chorarem juntos quando tocar o hino riograndense. Como roteiro idílico ou marketing gaúcho pode até ser, mas na prática não é assim que funciona.
Tite e Mano Menezes têm diferenças.
Digo isso por que um comportamento de Tite me intrigou no vestiário aliviado do Inter pós-sufoco no Couto Pereira, quarta-feira última. Depois de quase discutir com um
repórter paranaense que insistia em perguntar-lhe sobre René Simões e suas queixas sobre o suposto condicionamento da
arbitragem por parte do Inter, Tite preparou-se para a próxima pergunta. Que era sobre Mano Menezes:
— Como vai ser agora, no confronto entre dois técnicos gaúchos, que conhecem a aldeia, criados em uma mesma escola?
Típica pergunta para responder fazendo elogios ao colega do lado de lá, em tons épicos, aquele clima amistoso e elegante, quem sabe erguendo a bandeira farroupilha. Certo? Errado.
Tite fez cara feia e olhou para o alto, como se pensasse uma forma de escapar do brete sem arranhões. Meditou alguns segundos. Restou um silêncio inusitado no vestiário. Então, a resposta. Curta. Seca. Cortando o assunto:
— Mesma escola, sim. Mas de filosofias bem diferentes.
Feita a frase, virou o rosto para microfones e câmeras posicionados do outro lado, estratégia usada por entrevistados quando não querem seguir em determinado assunto escorregadio.
Desconfio que a relação entre Tite e Mano
Menezes não é tão cordial assim. Não vou dizer que são inimigos. Mas amigos
eles não são.
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