| 26/05/2009 03h20min
Há quem diga que estatísticas podem servir a senhores de toda espécie. Depende só do ponto de vista. Mas há estatísticas e estatísticas. Algumas reduzem a margem de erro quase a zero. É o caso desta, que serve ao Inter. De 2004 para cá, e lá se vão mais de cinco anos, o clube encarou 29 adversários no sistema mata-mata no Beira-Rio em competições nacionais e internacionais. Só perdeu uma vez. Como precisa fazer vantagem contra o Coritiba em casa, amanhã, para depois garantir a vaga na final da Copa do Brasil no Paraná, uma descoberta assim relaxa o ambiente.
O fato de não decidir a vaga em casa, novidade nesta Copa do Brasil para o Inter, emprestou um obstáculo a mais à semifinal. No Beira-Rio, só uma pessoa julga ser melhor disputar a primeira partida em seu estádio. Verdade que não é uma opinião qualquer. Fernando Carvalho, vice de futebol, entende que é mais negócio saltar à frente logo de uma vez com o apoio da torcida. Depois, o adversário estaria sob
pressão.
– É o que eu acho – diz
Carvalho.
Só que é duro encontrar alguém no Beira-Rio que concorde com esta tese. Lauro, Álvaro, Bolívar, Sandro, todos não escondem a preferência: melhor seria jogar a decisão em casa. Do tri brasileiro invicto, passando pela Libertadores, Recopa, Sul-Americana e Mundial, a receita sempre foi a mesma nas finais: primeira fora, título em casa. Mas tem o outro lado, vale lembrar. Em 1975, o Inter conquistou vaga na final do Campeonato Brasileiro eliminando a lendária Máquina Tricolor em um Maracanã transbordando de gente: 2 a 0, gols de Lula e Paulo Cézar Carpegiani, no Fluminense de Rivellino.
– O bom é vir para casa já com a receita prontinha do que precisa fazer: se empate, vitória com mais de um gol de diferença, essas coisas – afirma Bolívar.
Clemer, por exemplo. Nunca perdeu jogo de mata-mata no Beira-Rio. Era Lauro o goleiro na final da Sul-Americana, quando Estudiantes fez 1 a 0 no tempo normal. Como Nilmar empatou na prorrogação e deu o título
ao Inter, há quem sustente que,
tecnicamente, o jogo foi empate. Qual seria, então, a receita para começar bem a decisão em casa:
– O melhor é jogar a primeira fora, isso é certo. Quando não dá, tem que pensar assim: o jogo de amanhã não pode ser normal. Este é o ponto. Tem que ser um jogo diferente para transferir a responsabilidade para eles – afirma Clemer.
Colorado no mata-mata |
> De 2004 para cá, o Inter disputou 61 partidas no sistema de mata-mata pela Copa do Brasil, Libertadores, Sul-Americana e Recopa. Uma lupa nos números mostra a importância do Beira-Rio nos confrontos. O Inter perdeu só um jogo dos 29 disputados no Beira-Rio. |
> Se toda derrota for como aquela, a torcida pode comemorar: foi o 1 a 0 para o Estudiantes, no tempo normal da final da Sul-Americana do ano passado. Na prorrogação, Nilmar fez o gol que desempatou o confronto (o Inter havia vencido o primeiro jogo por 1 a 0 em La Plata) e o time conquistou o título. |
> Excluindo as duas primeiras rodadas da Copa do Brasil – em que o mando de campo é direcionado – foram 24 adversários enfrentados no mata-mata. Das 14 vezes em que o Inter decidiu em casa, foi desclassificado apenas uma vez: para o Boca Juniors, pela Sul-Americana de 2004. Após perder por 4 a 2 na Bombonera, ficou em 0 a 0 no Beira-Rio. |
> Fora de casa, o retrospecto é menos favorável, ainda assim não é desanimador. Das 10 vezes em que decidiu fora de casa, o Inter venceu seis e perdeu quatro. A última eliminação foi para o Sport, pela Copa do Brasil do ano passado. Havia vencido em casa por 1 a 0, mas não conseguiu manter a vantagem na Ilha do Retiro – perdeu por 3 a 1 e caiu nas quartas de final. |
Contra o Flamengo, Inter decidiu a vaga no estádio Beira-Rio, após empatar sem gols no Maracanã
Foto:
Jefferson Botega