| 23/05/2009 05h10min
Fernando Gomes
Neste domingo, a versão impressa de Zero Hora publica uma entrevista com Paulo Autuori (foto), o técnico do Grêmio que estreia amanhã, contra o Botafogo, no Olímpico. O conteúdo eu não posso adiantar. Escrevo no sábado e não ficaria de bom tom colocar a carroça à frente do bois. Mas nada me impede de pinçar alguns elementos da conversa com integrantes da editoria de esportes, para além do local de nosso almoço, o prédio administrativo da RBS.
Trata-se de um homem de equipe. Autuori veio acompanhado de seus auxiliares Rene
Weber e Gilvan Santos. Pediu para eles participarem da entrevista. Dividiu os holofotes com seus companheiros, que muito o auxiliaram entre um e outro gole de
água mineral com gás. Por várias vezes, Autuori disse:
— Isso aí o Rene sabe melhor do que eu. Não é Rene?
A entrevista foi indo, indo e indo até se transformar em um animado bate-papo com histórias espetaculares do Japão e do mundo árabe, como aquele jantar no meio do deserto ou o zagueiro uniformizado de policial. Ao final, a conversa revelou um elemento fundamental para o futuro do Grêmio.
Estávamos diante de um homem cuja chance de não controlar absolutamente o vestiário é zero.
Só que Autuori não controlará absolutamente o vestiário usando de absolutismo. O técnico do Grêmio conquista a obediência dos jogadores sem apontar o dedo ou erguer a voz tonitruante. Ainda que pudesse. Quando simulou um grito para narrar uma de suas histórias mundo afora, cálices e talheres pularam na mesa feito zagueiros na hora do escanteio. Voz não lhe falta. Mas Autuori prefere explicar as
funções a serem exercidas por cada um, do titular incontestável
ao reserva que nem concentra.
Só mandar e virar as costas, para Autuori, não faz sentido.
Na comparação com o seu antecessor, pode-se afirmar: não se trata de mudança, mas de algo assim como a Queda da Bastilha. O que é muito bom para o Grêmio e para quem gosta do exercício diário da civilidade.