| 20/11/2008 21h37min
O Ministério Público Federal prepara mais uma denúncia contra os principais investigados na Operação Satiagraha, baseada em um novo relatório da Polícia Federal. O delegado que assumiu o inquérito vê indícios de crimes financeiros e formação de quadrilha.
O relatório é assinado pelo delegado Ricardo Saadi, diretor de combate a crimes financeiros da Polícia Federal, em São Paulo. Ele assumiu o inquérito contra Daniel Dantas e o grupo Opportunity depois da saída do coordenador da Operação Satiagraha, delegado Protógenes Queiroz. Sob novo comando, a investigação se concentrou em documentos apreendidos no dia da operação e em depoimentos de testemunhas.
No relatório, o delegado Saadi afirma: "depois do que foi analisado, pudemos constatar que Daniel Valente Dantas lidera uma organização criminosa". O novo delegado atribui ao banqueiro Daniel Dantas os crimes de gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha.
Ricardo
Saadi diz ainda, no documento, que
precisa de mais tempo para terminar o inquérito. Ainda falta analisar informações do grupo que foram recolhidas de computadores e estão protegidas por senhas.
Evasão de divisas
Um dos fundos do grupo, o Opportunity Fund, está registrado nas Ilhas Cayman, paraíso fiscal no Caribe. De acordo com o delegado, a existência de clientes brasileiros nesse fundo seria completamente irregular. O fato, segundo ele, foi comprovado por diversas fontes, inclusive doleiros.
Em outro trecho, o novo coordenador da investigação escreve: "a organização criminosa liderada por Daniel Dantas usa corrupção e intimidação para alcançar seus objetivos". Entre os exemplos, cita o que chama de tentativa de corromper um delegado federal. Parte da negociação de US$ 1 milhão foi gravada num restaurante.
O delegado também diz que pessoas influentes servem a organização de Dantas: um dos nomes destacados por Ricardo Saadi foi o do
advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado federal pelo
PT. Os chamados lobbystas, segundo o relatório, tinham como função principal obter informações de interesse do grupo e fazer contatos com pessoas importantes, inclusive políticos e integrantes do governo.
O advogado de Daniel Dantas, Nélio Machado, nega todas as acusações, disse que a investigação está comprometida e criticou os dois delegados.
O advogado de Protógenes Queiroz afirmou que toda a investigação feita pelo delegado se baseou na lei. O ex-deputado federal Luis Eduardo Greenhalgh disse que, no momento oportuno, vai contestar a inclusão do nome dele no relatório da polícia. As informações são do site G1.