| 26/03/2008 16h05min
A pivô Kelly era figura garantida na seleção brasileira feminina desde que estreou no time adulto na Copa América de 1997. Na última temporada, porém, a jogadora acabou cortada da equipe que disputou o Torneio Pré-Olímpico das Américas. O problema da pivô estava na balança. Acima do peso, a comissão técnica considerou que sua condição física comprometia seu rendimento.
Seis meses depois, Kelly dá sinais de volta por cima na Europa. Na balança, ela ostenta os mesmos 91/92kg, que tinha na época da convocação, garante. Apesar disso, ela tem se destacado nas estatísticas. Defendendo o Extremadura Dato no Campeonato Espanhol, Kelly aparece como a sexta maior pontuadora do torneio (15,44 pontos de média), quinta nos rebotes totais (média 8,19), terceira nos defensivos (6,25) e sexta jogadora mais valorizada da competição (16,88). Isso em 16 jogos, cinco a menos que os já realizados no Espanhol, por causa de uma passagem de 15 dias pela Liga Francesa.
– A gente joga com a coletividade. Aqui, eu jogo com liberdade, de costas para a cesta e como não sou tão lenta como as outras na mesma posição eu ganho na velocidade – destacou.
O baque pelo corte foi real, mas superado.
– Ninguém nunca quer ficar fora. A princípio fiquei chateada, mas procurei não lutar contra a maré. Foi mais um alívio que algo que me deixasse depressiva porque houve situações nas quais me senti desrespeitada. Mas a partir do momento que você joga melhor fica mais motivada. Mostrei o quanto podia jogar bem antes das minhas limitações físicas – disse, reconhecendo que teve momentos de insegurança por causa do assunto peso.
– Já tive fases que queria emagrecer e engordava por causa da pressão – revelou.
A ‘crise’ foi pouco antes de se apresentar à seleção. Durante 30 dias, ela trabalhou sob a supervisão de um personal.
– Cheguei na seleção e engordei – lembrou.
No recomeço europeu, Kelly decidiu não se deixar abater pelo tema.
– Chegando aqui emagreci. Não muito, mas estou jogando bem natural. Sem pressão nem opressão – salientou.
Durante os treinos da seleção, a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) contratou uma nutricionista para acompanhar a equipe e tentar resolver os problemas de sobre ou subpeso, assim como os casos de anemia. De manhã é feito o treino físico com musculação. A alimentação é a tradicional.
– Tenho comido normal, em quantidade moderada, mas nada muito bitolado – destacou.
Com a proximidade da convocação brasileira para o Torneio Pré-olímpico Mundial, última chance de obter classificação para os Jogos de Pequim, ela admite que o desejo de retornar ao grupo não foi abandonado.
– Claro que tenho vontade de voltar, independente de quem está lá. O que passou é uma história já feita e é sempre um prazer jogar pela seleção – explicou.
Sua evolução no Espanhol tem sido acompanhada de perto pelo técnico da seleção, Paulo Bassul.
– Ela está fazendo uma belíssima temporada na Espanha e está motivadíssima. Tomara que venha bem (para o Brasil) – disse Bassul.
A convocação da seleção ainda não tem data certa, mas deve ser realizada em abril. O Pré-Olímpico será disputado de 9 a 15 de junho e definirá as últimas cinco seleções para a Olimpíada.
GAZETA PRESS