| 16/05/2007 20h55min
O Comando da Aeronáutica divulgou nesta quarta-feira a transcrição dos contatos do piloto do avião do Papa Bento XVI com o Cindacta de Recife. A transcrição confirma que não houve falha nos equipamentos, mas na comunicação entre o piloto e o controlador de vôo. Tudo indica que o controlador não entendia o que o piloto falava em inglês. O episódio provocou um bate-boca na CPI do Apagão Aéreo entre governo e oposição e o deputado Vic Pires Franco (DEM-PA) chegou a sugerir que a Aeronáutica ofereça curso de inglês para os controladores.
– Temos que propor urgente que a Aeronáutica matricule os controladores em cursos intensivos de inglês. A transcrição mostra que os controladores em Recife não estavam entendendo nada que o piloto da Alitalia tentava passar – completou Vic Pires.
Segundo a transcrição, depois de nove tentativas do piloto para explicar ao controlador que o Papa desejava mandar a mensagem, o piloto de um avião da TAM interferiu na conversa perguntando se o controlador estava entendendo. O piloto da TAM, no entanto, também não entendeu bem o que o piloto da Alitalia queria. Só na terça-feira a mensagem chegou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O deputado Efraim de Morais Filho (DEM-PB), que havia denunciado que o avião do Papa ficara sem comunicação com o Cindacta de Recife, acusou a Aeronáutica de passar informações falsas às CPI para encobrir as falhas do controle aéreo em Recife.
Por aproximadamente uma hora e meia, os parlamentares discutiram a relevância do episódio, e a reunião terminou sem que fosse votado nenhum dos 39 requerimentos que constavam da pauta. No primeiro embate, no voto, o governo impediu, por 15 votos a 9, a inclusão na pauta de um requerimento de Gustavo Fruet (PSDB-PR) pedindo ao Tribunal de Contas da União (TCU) cópia das auditorias feitas sobre segurança de vôo e controle do tráfego aéreo, que desaguaria na Infraero, na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e na Aeronáutica. Por causa do bate-boca, a CPI não votou nenhum requerimento.
Na terça-feira, a CPI da Câmara ouviu seu primeiro depoimento , o do delegado da PF que investigou o acidente com o avião da Gol, que matou 154 pessoas no norte do Mato Grosso em setembro. O afastamento de controladores de vôo para que fossem feitas investigações sobre o acidente desencadeou protestos de colegas, dando início ao caos nos aeroportos.
AGÊNCIA O GLOBO