| 16/03/2007 08h41min
A viagem do atual ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, à Indonésia foi a justificativa do deputado Odílio Balbinotti (PMDB-PR) para o adiamento de sua posse na pasta, prevista para hoje. Coube ontem ao presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e ao próprio Balbinotti confirmar que o parlamentar assumirá o ministério na próxima quinta-feira. Até lá, Balbinotti tentará convencer Lula e os colegas de que é inocente das acusações que lhe são feitas. Ele responde a dois processos no Supremo Tribunal Federal (STF), um deles por falsidade ideológica.
– Se eu tivesse culpa, causaria (desconforto). Mas eu sou inocente. O presidente Lula não está preocupado porque a partir do momento em que me chamou, estava consciente de que o Balbinotti é correto e transparente – disse.
O futuro ministro se reuniu ontem pela primeira vez com Lula, que não o conhecia pessoalmente, mas confirmou a sua indicação antes mesmo do encontro. O Planalto, porém, manteve cautela
diante do problema. A
ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, confirmou que o governo analisa as denúncias:
– Nós estamos olhando essa questão. O presidente vai analisar e está tudo em aberto. Ainda não está fechada a reforma ministerial.
Balbinotti é acusado de ter utilizado como laranja um ex-funcionário de sua fazenda de 12 mil hectares, no município de Alto Garça (MG). O deputado teria utilizado o nome do empregado sem o seu consentimento, num contrato de renegociação de uma dívida com Banco do Brasil, fruto de um empréstimo agrícola contraído por sua empresa de produção de sementes de soja, em 1996.
A investigação corre em segredo de Justiça, mas o teor foi confirmado à Agência O Globo pelo prefeito de Alto Garça, Cezalpino Mendes Teixeira Junior (PFL), amigo do deputado. Balbinotti é suspeito de ter usado o nome de funcionários para modificar a constituição societária de sua empresa e aumentar a capacidade de refinanciamento da dívida. As regras do
empréstimo agrícola estabelecem limites, por
produtor, para a rolagem de débitos.
O prefeito da Alto Garça, que sustenta a inocência do amigo, disse que os documentos não foram forjados. Segundo ele, parte das terras de Balbinotti foram dadas a funcionários que se destacavam, como uma espécie de bônus.
– Ele dava uma porcentagem no lucro, era uma coisa normal, uma parceria sadia – disse o prefeito.