| 21/02/2007 13h30min
O ex-ministro de Exteriores iraniano Ali Akbar Velayati, atual conselheiro do líder supremo do país, Ali Khamenei, acredita que é possível encontrar uma via de diálogo com a comunidade internacional que permita ao seu país continuar o enriquecimento de urânio com garantias de que terá uso civil. Em entrevista publicada nesta quarta-feira pelo jornal Le Monde, Velayati diz que o Irã tem direito à tecnologia nuclear civil, ao mesmo tempo em que se compromete a garantir que o programa não terá derivações militares.
– Entre esses dois eixos, tudo pode ser tratado na mesa de negociações – afirmou o diplomata, que acredita que a simples interrupção do enriquecimento de urânio não regularia nada.
O negociador iraniano no diálogo, Ali Larijani, reuniu-se na terça-feira, em Viena, com o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei. Larijani deu garantias sobre o fim pacífico do programa nuclear iraniano, mas rejeitou suspender o enriquecimento de urânio, como exige o Conselho de Segurança da ONU.
Velayati falou sobre a possibilidade de criar um consórcio internacional para o enriquecimento de urânio no Irã, administrado por países europeus em solo iraniano e que seria submetido ao controle da AIEA.
O ex-ministro de Exteriores reconhece que, entre as autoridades iranianas, há "vários tons" sobre a polêmica nuclear ou as relações com o Ocidente e com Israel, mas isso faz parte "de um país aberto à pluralidade".
No entanto, Velayati ressaltou que Khamenei "é o único que tem autoridade nas decisões sobre o tema e sobre todas as grandes decisões estratégicas", sem fazer referência ao presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.
Além disso, o conselheiro de Khamenei afirmou que, dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, diretamente envolvidos nos contatos com o Irã, o país tem boas relações com todos, exceto com os Estados Unidos, com quem acredita ser difícil um diálogo, pois "os Estados Unidos se comportam como donos do mundo".
Velayati descarta a hipótese de um ataque americano a seu país, após o "fracasso" no Iraque, e lembra que, em relação à nação vizinha, o Irã é "quatro vezes maior e tem uma população três vezes maior, com um Exército preparado".
AGÊNCIA EFE