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 | 19/01/2007 21h28min

Hugo Chávez não descarta nacionalizações maciças

Presidente venezuelano disse que a propriedade privada não é sagrada

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou nesta sexta-feira que fará nacionalizações maciças caso seja necessário, e caso as empresas privadas se neguem a cumprir funções sociais. Chávez disse que, por enquanto, não pretende nacionalizar grandes empresas básicas de mineração e metais, como a siderúrgica Sidor e a fabricante de alumínio Alcasa, que operam no Estado de Bolívar.

Em declarações concedidas depois da Cúpula do Mercosul, Chávez disse que tudo dependerá das circunstâncias. Os anúncios de nacionalização de Chávez, até agora pouco explicados, alimentaram dúvidas dentro e fora da Venezuela, e foram interpretados por seus críticos como um passo rumo ao comunismo, algo que ele nega.

– Não estamos propondo o comunismo. Pensamos e queremos que o setor privado nacional se incorpore (ao processo), mas subordinando seus interesses egoístas – afirmou.

Chávez afirmou que a orientação econômica do seu projeto responde a um modelo próprio e está em plena construção. Também disse que pretende construir um modelo econômico produtivo, diversificado, mas ressaltou, como o tem feito outras vezes, que acredita que "a propriedade privada não é sagrada, sagrado é Deus".

O presidente venezuelano, apontado por seus opositores como um autocrata que quer concentrar o poder de todas as instituições em suas mãos, foi reeleito em dezembro com 65% dos votos válidos, em eleições com um índice de abstenção de 25%, e nas quais a oposição obteve 39%. Agora, ele se prepara para governar por decreto durante 18 meses, graças a uma lei de poderes especiais, que já foi aprovada em primeira instância pela Assembléia Nacional.

O presidente venezuelano afirmou que "a passagem da Venezuela do capitalismo ao socialismo foi eficiente".

– A economia venezuelana de hoje é diferente da de oito ou vinte anos atrás. Antes era totalmente dependente do império americano. Éramos dependentes do Fundo Monetário Internacional – disse.

O governo de Chávez se beneficiou dos preços mais altos do petróleo em quase dez anos, o que permitiu que realizasse grandes investimentos sociais e ajudasse outros países, algo que, para seus opositores, é um esforço para comprar apoio externo e interno. O governante, de 52 anos, voltou a rejeitar comparações com os antigos países comunistas, e explicou que "o papel da propriedade privada será cumprir uma tarefa social, uma função social subordinada ao império da lei".

A Venezuela é um dos países latino-americanos com maiores reservas de ouro, minerais e pedras preciosas, mas estas riquezas, afirmou, não deixam nada para o país, e provocam um enorme impacto ambiental.

AGÊNCIA EFE
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