| 29/12/2006 10h21min
O antropólogo e cientista político Luiz Eduardo Soares classificou como barbárie a recente onda de ataques a alvos públicos e civis no Rio de Janeiro. Em entrevista nesta manhã à Rádio Gaúcha, disse não saber responder o que o futuro próximo reserva à população brasileira, mas avaliou que o padrão de violência já está acima dos problemas tradicionais de segurança púbica.
– Estamos diante da barbárie. A queima de ônibus com passageiros dentro está virando padrão, e este é um padrão muito violento – analisou Soares, que já foi secretário nacional de Segurança Pública e coordenador de Segurança, Justiça e Cidadania do Estado do Rio de Janeiro.
Entre as causas para os ataques iniciados nesta quinta, que deixaram pelo menos 18 pessoas mortas na capital fluminense, o antropólogo apontou questões políticas. Segundo ele, indicações de delegados e coronéis para o comando da área de segurança são submetidas a interesses de natureza ilegal:
– Forças políticas indicam delegados e coronéis. Submetem as escolhas a interesses de natureza ilegal. Há disposição desses atores políticos de usarem essas instituições de maneira ilegal para a captação de fundos políticos de campanha.
Soares afirmou também que o início de novos mandatos nos Estados é uma possibilidade extraordinária de reforma nas instituições de segurança pública. Mudanças estruturais na área, acredita, são premissas básicas para que dias como o de ontem no Rio de Janeiro não voltem a ocorrer. O antropólogo acrescentou que é necessário destinar recursos para ações preventivas, principalmente, às direcionadas aos jovens.
O ex-coordenador de Segurança, Justiça e Cidadania do Rio mostrou-se otimista com o próximo governador fluminense.
– O Sérgio Cabral (PMDB) tem demonstrado disposição muito grande para aceitar ajuda e cooperar com o governo federal. Demonstração de humildade que pode ser muito positiva. É a pré-condição para que alguma coisa séria seja feita. A posição arrogante nos levou à ruína – avaliou.