No conjunto de fatores que compuseram a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas e reelegeram o presidente, destaca-se a virada obtida pelo petista em quatro Estados, em relação ao primeiro turno. Em 1º de outubro, quando concorria com candidatos de vários partidos, Geraldo Alckmin (PSDB) foi o mais votado no Acre, em Rondônia, em Goiás e no Distrito Federal. Agora, contra um único adversário, não.

No Acre, a diferença pró-Alckmin no primeiro turno foi de 28.668 votos. No segundo, Lula superou o adversário em 13.707. Em Rondônia, onde o tucano havia vencido por 14.498, desta vez, perdeu por 76.521. Em Goiás, a vantagem tucana de 322.506 se transformou em desvantagem de 259.269. No Distrito Federal, os 95.114 votos que davam vitória a Alckmin viraram 186.871 a favor do presidente, que teve 56,96% dos válidos contra 43,04%.

Quase absoluto no norte e no nordeste do país, o candidato do PT manteve a superioridade nessas regiões no segundo turno e ampliou a diferença, chegando a ter 86,8% dos votos do Amazonas, com 99,94% dos votos apurados. Curiosamente, a maior vantagem de Alckmin foi no Norte – aliás, no único Estado da região em que ele venceu: Roraima, com 61,49%.

Na maioria dos colégios eleitorais dominados pelo candidato derrotado, a margem foi reduzida, do primeiro para o segundo turno. Até em São Paulo, seu berço político, o desempenho nas urnas caiu: passou de 54,2% para 52,26%, com cerca de 1 milhão de votos a mais que o petista.

A região Sul foi a única em que o representante do PSDB venceu em todas as unidades da Federação. No Rio Grande do Sul, teve 55,35% contra 44,64%, em Santa Catarina, 54,53% a 45,46%, e, no Paraná, 50,75% a 49,24%.

Assim, um curioso fenômeno ocorreu neste pleito: o tucano recebeu menos votos no segundo turno do que havia recebido no primeiro, no total do país. De 39,9 milhões, caiu para 37,5 milhões. Lula pulou de 46,6 milhões em 1º de outubro para mais de 58,2 milhões neste domingo.

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AMAURI KNEVITZ JR.