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 | 25/10/2006 19h26min

PPS e PV criticam fusões para superar cláusula de barreira

Presidentes dos partidos atacaram criação do Partido Republicano

Os presidentes do PPS, Roberto Freire, e do PV, José Luiz Penna, consideram que foi uma decisão apressada e oportunista, sem levar em conta coerência ideológica de programas a criação do Partido Republicano, acertada ontem entre PL, Prona e PTdoB, bem como a incorporação, já acertada, do PAN pelo PTB.

– Não vamos entrar nessa mixaria de juntar coisas desconexas – afirma Penna, referindo-se ao Partido Republicano.

– Não sei como se encaixa uma discussão política aí, mas com o PV não será uma coisa apenas pragmática – diz ele.

O PV, assim como o PPS, não superou a barreira dos 5% e negocia fusão com o PSC para reverter a situação. O presidente do PV considera a fusão entre PL, Prona e PTdoB uma prova de que se trata de “partidos fracos programaticamente, que enfrentam de maneira açodada a pressão pela perda de parlamentares”. Ou seja, quer dizer que os deputados trocarão de partido se a questão da cláusula não for resolvida rapidamente, por falta de afinidade com a legenda.

Segundo ele, os verdes não pensam da mesma forma.

– O tempo do PV não é o mesmo tempo dos outros, não temos um horizonte de perda parlamentar, porque temos prestígio na sociedade.

O líder do PL na Câmara, Luciano de Castro, nega que a negociação com Prona e PTdoB tenha ocorrido às pressas.

– Estamos conversando há algum tempo, não tem nada a ver com a eleição. Os parlamentares não vão ficar num partido que não tenha assento nas comissões, fundo partidário e tempo de TV.

Quando a regra da cláusula de barreira entrar em vigor, o que deve ocorrer a partir do início da próxima legislatura, no dia 1º de fevereiro, os partidos que não tiveram a representação mínima estipulada pela legislação eleitoral terão atuação limitada no Congresso Nacional, perderão espaço nas propagandas televisivas e terão de dividir apenas 1% do fundo partidário.

O líder do PL diz que o novo Partido Republicano estará apenas cumprindo a lei.

– Estamos dando nossa contribuição, transformando três partidos em um.

Segundo ele, quem está criticando não tem moral para fazê-lo.

– O PV é mais pragmático que a gente, porque está negociando com o PSC, que antes negociava com a gente. Eles pensam em criar o PVSC, parece até nome de empresa petrolífera.

Roberto Freire, do PPS, que negocia um acordo com o PHS, garante que seu partido não vai “pegar qualquer um”. Questionado se é uma referência aos acordos de outros partidos, ele responde que “o PTB está fazendo isso”. Quanto ao PL, evita fazer a crítica nominal, mas também não nega:

– Não quero criticar ninguém, até porque a cláusula é uma violência.

O PTB está cuidando dos detalhes da incorporação do PAN, que já está acertada, segundo o presidente do partido e deputado cassado Roberto Jefferson. Ele rebate a crítica do presidente do PPS:

– O Freire é um ideológico, que acusa sem saber. Está sempre mal humorado. Eu não me juntaria com o PPS.

Jefferson garante que o diálogo com o PAN não foi mero casuísmo. Segundo ele, o fato de o PTB ser uma “legenda histórica”, associada à criação da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e da Previdência Social, justifica a incorporação do PAN, que representa os "aposentados da nação". Para o ex-deputado, a união é coerente, e o novo estatuto prevê que o partido não votará dois assuntos (reforma da CLT e da Previdência) para proteger os trabalhadores.

AGÊNCIA BRASIL
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