| 11/09/2006 15h51min
Contrário às intervenções da Prefeitura do Rio de Janeiro que está transformando o Autódromo de Jacarepaguá em um complexo poliesportivo, o presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), Paulo Scaglione, confessou suas dúvidas quanto ao cumprimento da palavra do governo carioca no acordo feito para que as obras fossem realizadas.
– Não acreditamos que a Prefeitura vai fazer (as obras prometidas) – afirmou o dirigente.
Em 2005, a CBA entrou na Justiça e obteve liminar interrompendo as obras para o Pan. O impasse foi resolvido após promessa da prefeitura de reformar o autódromo depois dos Jogos, recuperando sua vocação para os esportes automobilísticos.
Segundo o presidente da RioUrbe, responsável pelos serviços de infra-estrutura no Rio de Janeiro, João Luis Reis da Silva, as reformas não comprometerão o que foi construído para o Pan e readequarão o circuito às exigências da Fórmula 1 e da Indy. Mas Scaglione acha que tudo não passará de discurso.
– Quase não tiveram dinheiro para erguer tudo, como vão arrumar dinheiro para construir o que destruíram? – questionou. Em sua opinião, a forma como todo o processo foi encaminhado pelas autoridades responsáveis levou ao impasse.
Com o projeto do Pan-Americano, a antiga pista de kart deu lugar a um parque aquático no qual serão realizadas provas de natação e saltos ornamentais. O traçado principal perdeu terreno para uma arena multiuso, que receberá jogos de basquete e apresentações de ginástica artística, e para um velódromo permanente.
– A gente não pode exergar aquilo como uma utilização satisfatória – reclamou Scaglione, que não poupa nem mesmo seus iguais nas críticas.
– Onde foi parar a moto quando nos manifestamos? – declarou, reclamando da falta de apoio da Confederação Brasileira de Motociclismo aos protestos da CBA.
Segundo ele, o fato de Jacarepaguá estar aprovada pela Federação Internacional de Motociclismo para a MotoGP coloca por terra o argumento que a pista já não atendia mais sua função competitiva.
– As exigências para moto são ainda maiores que para o automobilismo. Interlagos, por exemplo, não é aprovada na MotoGP – completou, lembrando que a pista paulista é a única do país na categoria A (apta à Fórmula-1), mas que por características em seu traçado não podia receber provas de moto.
De qualquer maneira, Jacarepaguá poderá voltar a ouvir os roncos de motores nos próximos dias, pelo menos é o que garante Scaglione.
– Não conseguimos conservar o traçado como um todo, mas uns 3.200m, 3.400m. E nos próximos 20 dias deveremos ter uma prova regional sendo disputada ali – declarou.
GAZETA PRESS