| 15/08/2006 08h47min
Enquanto o governo federal aproveitou a crise provocada pelo seqüestro do repórter da Rede Globo Guilherme Portanova para oferecer mais uma vez o Exército ao governo de São Paulo, a oposição optou por enfatizar supostas conexões entre o crime e as eleições. Os tucanos foram mais longe e classificaram o crime como terrorismo político-eleitoral.
Portanova ficou em poder dos bandidos por 40 horas, entre sábado e domingo. Os criminosos que mantiveram ele e o auxiliar técnico Alexandre Coelho Calado em cativeiro disseram ser do Primeiro Comando da Capital (PCC). Calado foi libertado horas depois, na noite de sábado, nas proximidades da sede da TV em São Paulo. O auxiliar foi solto com a incumbência de levar um DVD à Globo e garantir a exibição das imagens. Caso contrário, o repórter seria morto. – Isso é um terrorismo político-eleitoral. Não tem a menor lógica seqüestrar pessoas para colocar fita na TV. Ladrão não faz isso. O fato lembra as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, grupo guerrilheiro). Lá, a política migrou para o crime. Aqui o crime está migrando para a política – disse Alckmin. Segundo o tucano, o crime organizado em São Paulo quer influenciar no processo eleitoral: – Eu vou agir muito duro como presidente, porque o Brasil precisa decidir se quer um governo frouxo e omisso na segurança pública ou alguém firme. E acrescentou: – O crime organizado está lutando contra o PSDB, contra a minha candidatura. Reunido com o conselho político de campanha no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem a politização da discussão da crise na segurança pública. Segundo o presidente, o combate à criminalidade não deve ser objeto de disputa política. – Como chefe de Estado e de governo, (o presidente) não entrará em discussões que visam tirar proveito eleitoral das graves circunstâncias pelas quais passa a população paulista – afirmou Lula em nota. ZERO HORA